24/06/09 08h41

Brasil volta a ter superávit com a China

O Estado de S. Paulo

A crise global inverteu a tendência do comércio entre Brasil e China e transformou o déficit em superávit. O Brasil acumulou um robusto saldo de US$ 2,8 bilhões com os chineses de janeiro até a segunda semana de junho. No primeiro semestre de 2008, o déficit do comércio bilateral estava em US$ 1,5 bilhão, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Dois fatores explicam a reviravolta nas relações comerciais com o dragão asiático: a recomposição de estoques de commodities na China, que incentivou as vendas de minério de ferro e de soja, e a queda da produção industrial no Brasil, que derrubou as importações de componentes e máquinas chinesas.

Apesar da crise, que reduziu o ritmo de crescimento da economia chinesa, as exportações brasileiras para a China sustentaram alta de 34,5% de janeiro até a segunda semana de junho. Graças ao bom desempenho das commodities, os chineses se tornaram o principal parceiro comercial do Brasil em 2009. As vendas de minério de ferro, principal produto da pauta de exportação do Brasil para a China, aumentaram 97% de janeiro a maio. No caso da soja, o ganho foi de 27% no período. A receita obtida com a exportação de petróleo para a China caiu 41%, por causa dos menores preços, mas o volume embarcado cresceu 70%.

As importações vindas da China foram em sentido contrário. Depois de crescer 59% em 2008, as compras de produtos chineses recuaram 23,5% de janeiro até a segunda semana de junho. Por causa da queda da produção industrial, o Brasil importou, por exemplo, US$ 652 milhões a menos em aparelhos e componentes elétricos da China de janeiro a maio, o que significa um recuo de 27%. As importações de máquinas e aparelhos mecânicos chineses também caíram 23%.