05/08/10 16h24

Brasileiras anunciam recorde de investimentos até 2014

Folha de S. Paulo – 05/08/10

As mineradoras brasileiras acabam de superar o forte golpe que sofreram com a crise internacional, pelo menos em relação aos investimentos futuros, visto que há mercados que ainda estão a caminho de retomar o nível de encomendas do setor. Levantamento atualizado nesta semana pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) revisou para cima, pela terceira vez neste ano, os valores de investimentos das empresas no Brasil no período 2010-2014. Nessa atualização, o estudo aponta um total de US$ 62 bilhões especialmente em novos projetos, bem como na ampliação de minas. Em março do ano passado, o setor anunciava US$ 47 bilhões entre 2009 e 2013. A nova lista do Ibram contempla 59 projetos de vários minérios, como ferro, cobre, manganês, vanádio, bauxita, níquel, fosfato, ouro, entre outros.

O maior volume de investimentos será direcionado ao ferro: US$ 39,23 bilhões. A mineração de níquel aplicará US$ 6,71 bilhões e a de cobre, US$ 2,66 bilhões. Antes de a crise estraçalhar as economias mundo afora, os investimentos setoriais apurados pelo Ibram totalizavam US$ 57 bilhões em 2008; declinaram para US$ 47 bilhões com a turbulência econômica e, em abril último, já estavam em US$ 54 bilhões. Essa evolução demonstra confiança das empresas na manutenção de um ciclo de preços adequados à oferta e procura dos minérios, puxado pelo crescimento de países europeus e Japão, além do reconhecido protagonismo chinês nesse mercado.

O Japão, que importava em 2009 9,5% do ferro do Brasil, no primeiro trimestre deste ano passou a comprar 13,3%; Bélgica, Espanha, França, Holanda e Itália também elevaram com destaque as importações do Brasil. Além de ser um volume altamente expressivo de investimentos, convém analisar o aporte de US$ 62 bilhões sob o ponto de vista dos efeitos a longo prazo para o Brasil. Ao anunciar os maiores investimentos do setor privado no Brasil nesses cinco anos, a mineração demonstra à indústria de transformação e aos fornecedores que estes também devem acompanhar esse ciclo virtuoso.