30/04/10 11h21

Bunge negocia ativo agrícola do Tereos

Valor Econômico

A multinacional americana Bunge está negociando a compra dos ativos agrícolas da usina Cardoso, projeto "greenfield" (construção a partir do zero ) da Açúcar Guarani, controlada pelo grupo francês Tereos, que não foi levado adiante. A operação já foi submetida ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A estratégia da Bunge é avançar no processamento de cana no Estado de São Paulo, como uma maneira de compensar a "frustração" por não ter levado a Vertente. Esta fazia parte do pacote de seis usinas do grupo Moema, que tinha entre seus acionistas o empresário Maurílio Biagi Filho.

O "Projeto Cardoso", localizado em Pedrápolis (SP), foi anunciado em 2005 e era parte do projeto de expansão do grupo francês no país. Em 2008, contudo, os planos foram abortados por conta da crise financeira global, que atingiu boa parte do setor sucroalcooleiro. A unidade deveria entrar em operação em 2011 e estava projetada para moer 4 milhões de toneladas. O Valor apurou que a área agrícola do "Projeto Cardoso" é de cerca de 10 mil hectares, com uma produção já em andamento de 80 mil toneladas de cana. Esses ativos de cana estão avaliados em US$ 80 milhões, considerando o preço médio de US$ 100 para a tonelada da matéria-prima.

A Bunge vem em um ritmo acelerado para conquistar mais espaço no setor sucroalcooleiro. Com a compra das cinco usinas da Moema, a múlti deu um salto no ranking de moagem no país, tornando-se o terceiro maior produtor de cana, em menos de três anos. Além das cinco usinas da Moema, que juntas processam 13,5 milhões de toneladas por safra, a multinacional controla as usinas Santa Juliana, em Minas Gerais, com capacidade para 4,2 milhões de toneladas, a Monte Verde, no Mato Grosso do Sul, em ampliação para 4,4 milhões de toneladas, e o projeto "greenfield" de Pedro Afonso, em Tocantins, também para 4,4 milhões de toneladas.

A Bunge mantém ainda engavetado o "Projeto Nova Ponte". Esse "greenfield" foi adquirido em 2007, quando a múlti comprou do grupo Triunfo a usina Santa Juliana. À época, a múlti não se interessou em levá-lo adiante. Neste momento, as aquisições de unidades já em operação, as chamadas operações "brownfield", são mais vantajosas para a Bunge.