03/11/10 08h05

Butamax cria base de exportação de biobutanol no país

Valor Econômico

A Butamax, joint venture entre a companhia petrolífera inglesa British Petroleum (BP) e a americana DuPont , anuncia hoje a criação de seu primeiro laboratório no Brasil para o desenvolvimento e produção de biobutanol, biocombustível renovável que concorrerá com o etanol e a gasolina no mercado global de combustíveis. Em entrevista ao Valor, Tim Potter, principal executivo da companhia, disse que a unidade de Paulínia terá capacidade para exportar o produto para os EUA a partir de 2013.

O laboratório de pesquisa e desenvolvimento de Paulínia, que estará nas dependências de uma das unidade produtoras da DuPont, vai utilizar a cana-de-açúcar como principal matéria-prima e terá capacidade para produção em escala industrial entre 2012 e 2013. "A cana é a matéria-prima mais eficiente e tem custo menor que os grãos, também utilizados na produção do biocombustível", disse Potter. A empresa tem laboratórios de tecnologia em Hull, na Inglaterra, e em Delaware, nos EUA, além de pesquisas conduzidas na Alemanha e na Índia. A companhia não informou o valor do investimento em Paulínia.

A empresa começou há alguns anos pesadas pesquisas para a produção de biobutanol, de olho nos mercados americano, europeu e asiático. O biobutanol é a grande aposta da companhia para substituir os combustíveis fósseis, como a gasolina, e o produto concorrerá com o etanol. A diferença básica entre o biobutanol e o etanol é que o primeiro, de densidade energética maior, conta com quatro moléculas de carbono, e o segundo, duas. O processo de fermentação do biocombustível também difere do etanol. O primeiro mercado para o biobutanol no mundo serão os EUA. Não será necessária nenhuma adaptação aos veículos para o consumo de biobutanol nos tanques, de acordo com o executivo.

A expectativa da Butamax é ter escala para produzir cerca de 2 bilhões de galões (ou 7,5 bilhões de litros) de biobutanol por ano, a partir de 2020, no mercado internacional. A empresa tem registrado mais de 70 patentes do produto no mercado global. Potter disse que a Butamax deverá dar início nos próximos meses a negociações com usinas sucroalcooleiras do Brasil para o produção do biocombustível por meio de parcerias, com a utilização da tecnologia desenvolvida pela companhia. "Para as usinas, a vantagem dessa parceria será a diversificação do seu negócio, uma vez que o biobutanol será um produto voltado para o mercado externo. No país, essas empresas poderão negociar o etanol para atender ao mercado doméstico", afirmou.