19/03/10 10h51

CAF ganha pedido de PPP e supera Alstom

Valor Econômico

Com a assinatura da primeira Parceria Público-Privada (PPP) já feita pela CPTM, para fornecimento de 36 trens, a espanhola CAF - abreviação para Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles - disparou na liderança do mercado ferroviário do país, deixando para trás a Alstom, tradicional fornecedora do sistema de transportes paulista. Somadas as encomendas feitas pelo Metrô e CPTM, a CAF tem na carteira pedidos de R$ 3,6 bilhões (US$ 2 bilhões), totalizando 101 trens - ou 774 carros. Desde 2007, a Alstom levou duas licitações para fornecimento de trens, totalizando 144 carros - em valores, a encomenda soma cerca de R$ 600 milhões (US$ 333 milhões), menos de um quinto do obtido pela CAF.

Praticamente o único consumidor de trens de passageiros do país, a dupla CPTM e Metrô de São Paulo lançou em 2007 um plano de investimentos de R$ 20 bilhões (US$ 10,4 bilhões), mudando a cara do setor. A CAF saiu na frente na disputa pelos contratos em outubro de 2008, arrematando a maior de todas as licitações - uma encomenda de 320 carros para a CPTM e 102 para o Metrô - por um valor de R$ 1,6 bilhão (US$ 874 milhões). Em junho de 2009, levou outra, de 8 trens para a CPTM, por R$ 272 milhões (US$ 138,1 milhões), e começou 2010 como único concorrente para a primeira PPP da CPTM - uma oferta de R$ 1,8 bilhão (US$ 1 bilhão) pelo fornecimento e manutenção de 36 trens por 20 anos.

A Alstom levou em 2007 uma licitação de 48 carros para a CPTM, e tem outro contrato de 96 carros para o Metrô. Além disso, fornece sistemas de sinalização e controle para algumas linhas. Fora Alstom e CAF, apenas a coreana Rotten, subsidiária da Hyundai, fornece para São Paulo - foram encomendados 14 trens para a primeira fase de funcionamento da linha 4, todos importados. No caso, a compra foi feita pela concessionária da linha, a CCR, e não pelo governo paulista.

Com a chegada da licitação de 2008, para 322 carros, a CAF preparou-se para fazer produção no país, mas não planejava erguer fábrica própria. Segundo Agenor Marinho, estratégia inicial foi fazer um acordo com alguma fábrica local. O acordo não deu certo, e a CAF tentou a Amsted-Maxion, fabricante de vagões de carga em Hortolândia. Em meio às tentativas de acordo, e animada com a perspectiva do mercado brasileiro, a CAF decidiu desembolsar R$ 200 milhões (US$ 111 milhões) e erguer uma fábrica própria de 41 mil m2 em Hortolândia, usando recursos da matriz - segundo Marinho, não havia tempo hábil para tentar um financiamento. A unidade será inaugurada hoje, mas já está operando desde julho. O primeiro CAF nacional já está pronto.