02/02/09 11h14

Camargo realiza aquisição estratégica na CPFL

Valor Econômico - 02/02/2009

A aquisição da parte da Votorantim na VBC Energia, holding que detém 28% do capital da CPFL Energia, distribuidora e geradora paulista, indicou que este setor é estratégico para a Camargo Corrêa, que pagou R$ 2,66 bilhões (US$ 1.6 bilhão). Comparando com o valor de mercado da CPFL na Bolsa, de quase R$ 15 bilhões (US$ 6.5 bilhões), o negócio embutiu um prêmio da ordem de 30% sobre o equivalente à parte da Votorantim. Mas, segundo fontes do setor, ao permanecer na VBC e assumir a ações da Votorantim, a Camargo se posicionou como o principal acionista da CPFL, dando maior valor a esse ativo. Apesar de ter menos ações do que Previ (31% no capital ordinário e total), a VBC detém a maioria no bloco de controle, com 45%, e pode indicar três membros no conselho de administração. Isso explica porque Cemig e Neoenergia brigaram pelos 50% da Votorantim na VBC. A holding foi criada em 1997 por três investidores cujos nomes deram origem à sigla: Votorantim, Bradesco e Camargo. O banco saiu do negócio em 2006. A CPFL é a principal distribuidora de energia do país, com 13,3% de um mercado ainda com muitos grupos atuantes. Para especialistas, esse segmento viverá uma nova onda de consolidação e a CPFL estará presente com bastante apetite. Em geração, tem presença em oito hidrelétricas e em 33 pequenas usinas. Para 2010, a potência instalada prevista é de 2.170 megawatts (MW). Até setembro, obteve receita líquida de R$ 7,2 bilhões, com lucro líquido de R$ 900 milhões (US$ 391 milhões). No Novo Mercado da Bovespa desde 2004, é uma das maiores pagadoras de dividendos do país. Para a Votorantim, essa venda propiciou mais fôlego para equacionar a perda de R$ 2,2 bilhões com derivativos na crise, concluir a compra da fabricante de celulose Aracruz e tocar seu plano de investimento. Desde outubro, até sexta-feira, levantou R$ 7,5 bilhões (US$ 3.3 bilhões) com alienação de duas empresas de biotecnologia, 50% do banco e a saída da área de energia como negócio. Mas se mantém em autogeração. Mesmo assim, o BNDES deu apoio de mais de R$ 2 bilhões (US$ 870 milhões) para poder fechar a compra da Aracruz.