21/07/10 10h23

Camil compra Brasfrigo e entra no setor de atomatados

Valor Econômico – 21/07/10

A Camil, maior processadora de arroz e feijão da América Latina, com faturamento de R$ 1,4 bilhão (US$ 778 milhões) no ano passado, comprou a Brasfrigo Alimentos, fabricante de atomatados e vegetais em conserva, dona das marcas Jurema, Tomatino e Jussara. O valor do negócio, fechado no mês passado, não foi divulgado, mas a informação foi confirmada pela Camil. A estratégia da empresa é diversificar seu leque de produtos, hoje concentrado basicamente em arroz, feijão, alguns grãos e óleo de girassol.

A Brasfrigo, que pertencia ao grupo mineiro BMG, controlador do banco BMG, tem 77 produtos diferentes, entre molhos de tomate, extratos, maionese, catchup, mostarda, vegetais em conserva (como milho e ervilha), molhos para salada, temperos, sopas e caldos. Sua sede administrativa fica em São Paulo e a fábrica em Luziânia, interior de Goiás. A Brasfrigo fatura R$ 350 milhões (US$ 194,4 milhões) ao ano. É a maior processadora nacional de milho para conserva, com 150 mil toneladas por ano. Investiu cerca de R$ 60 milhões (US$ 32,1 milhões) entre 2008 e 2010 em sua unidade industrial e seu crescimento projetado para este ano é da ordem de 20%.

A Camil vinha sofrendo com a mudança de hábitos de alimentação do brasileiro, uma vez que o carro-chefe da companhia - o arroz - vem sendo menos consumido. Segundo a Nielsen, as vendas em volume do produto vêm caindo na casa dos 5% nos últimos anos. O mesmo acontece com o feijão. O consumo interno, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), caiu de 3,63 milhões de toneladas na safra 2007/2008 para 3,5 milhões de toneladas nos anos seguintes (2008/2009 e 2009/2010). Essa mudança na alimentação do consumidor foi uma das razões da queda de 12,8% no faturamento da Camil entre 2009 e 2008. Também houve arrocho nos preços do arroz e do feijão no ano passado.

O consumo de molho de tomate - o principal produto da Brasfrigo - vem crescendo. As vendas em quilos, conforme a Nielsen, subiram de 156,1 milhões em 2008 para 177,6 milhões no ano passado, uma alta de 13%. Mas a rentabilidade dos atomatados, para a indústria, tem sido espremida pelo número de concorrentes, que aumentou consideravelmente nos últimos anos. A Unilever, dona das marcas Elefante e Pomarola, anunciou que está negociando a venda da linha de produção de todos os produtos de tomate, situada em Goiânia (GO). A Siol, da marca Saúde está à venda.

A Camil é vista como uma empresa com poder de fogo para investir no setor. Fundada por Jairo Quartiero, a companhia prevê para este ano investimentos entre R$ 40 milhões (US$ 22 milhões) e R$ 50 milhões (US$ 27,8 milhões) para ampliação da capacidade instalada do grupo.