22/06/15 16h19

Campinas é apontada como maior polo de tecnologia da AL

Revista fala da vocação da cidade como o maior polo da América Latina no setor de tecnologia, indica que a região é responsável por 15% da produção de tecnologia do País

Correio Popular

A maior revista especializada no setor de tecnologia de informação e armazenamento de dados do mundo, a Focus, da editora britânica DataCenterDynamics, publicou ampla reportagem sobre Campinas em sua última edição, que chegou aos leitores na semana passada.

No texto, a jornalista Tatiane Aquim ressalta a vocação da cidade como o maior polo da América Latina no setor de tecnologia, indica que a região é responsável por 15% da produção de tecnologia do País e sacramenta a expressão “Vale do Silício brasileiro” ao se referir às suas características de atração de empresas do setor e compará-la ao Vale do Silício da Califórnia, nos Estados Unidos, que é o berço de muitas das companhias gigantes de tecnologia.

A reportagem atribui ainda a Campinas um “selo” de sustentabilidade em seu polo de tecnologia, atribuído pela jornalista aos incentivos públicos e de empresas privadas em práticas ambientais. O município abriga hoje sedes de 32 das 500 maiores empresas de tecnologia de informação do mundo. A revista circula em todos os países da América Latina, além de Espanha e México. Também foi traduzida para o inglês. A edição é trimestral, publicada em inglês e espanhol. A reportagem sobre Campinas foi uma das chamadas da capa da Focus.

O texto da DataCenterDynamics analisa Campinas como o polo no Brasil e na América Latina desse tipo de produção tecnológica. As 15 empresas de DataCenter, 18 instituições de Educação Superior, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e cinco parques tecnológicos na cidade foram indicadas como prova da referência.

A revista também fala que a cidade tem proposta para acelerar startups (empresas jovens e inovadoras) e fornece treinamento gratuito para os gestores de inovação. Os incentivos fiscais para startups — concedidos pela Prefeitura — também foram destaque na reportagem.

Em 2014, foi sancionada lei que concede isenção total do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) até o limite da área construída de 120 metros quadrados ou do valor anual do imposto em R$ 2,8 mil às startups instaladas na cidade, além de redução da alíquota do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) para 2% sobre a receita tributável de até R$ 418,5 mil (valores referentes a este ano).

Outro ponto considerado pela revista londrina é a localização geográfica e a malha viária da cidade, interligada por cinco das grandes rodovias do Estado de São Paulo: Anhanguera, Bandeirantes, D. Pedro I, Adhemar de Barros e Santos Dumont. O executivo de negócios da DataCenterDynamics, Marcus Queiróz, afirmou que a revista quis chamar a atenção de empresários e empreendedores para a região, considerada interessante.

“É uma cidade, que se destaca das demais em São Paulo. É competitiva e gera economia, com os incentivos às indústrias de tecnologia. A matéria tem objetivo de informar nossos leitores e direcionar os investimentos”, disse ele. A empresa publica reportagens voltada para o setor empresarial em todo o mundo.


Edição

A editora-chefe da publicação, a espanhola Virginia Toledo, afirmou que o Brasil é um país difícil para a instalação de data centers, mas que Campinas está na contramão. “A cidade reúne condições necessárias para operar com maior disponibilidade de dados e eficiência energética. Os dois são os principais objetivos dos gestores”, disse.

Com a reportagem, a revista quer fornecer informações para a indústria. “Campinas hoje hospeda muitos dos nossos principais patrocinadores e empresas participantes de nossos eventos, e leitores de nossa revista. Por todas essas razões, queríamos destacar as vantagens da região para a indústria de data center”, disse.

Para ela, a expectativa é que Campinas se torne um “hub” tecnológico no País e para o mercado de data center, em um momento difícil da economia brasileira.


Sustentabilidade

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Samuel Rossilho, afirma que um dos motivos para Campinas ser classificada como o “Vale do Silício brasileiro” é devido às taxas baixas de água e energia, além do incentivo municipal. “A gente busca a consolidação dessa referência que Campinas tem como a cidade da ciência, tecnologia e inovação”, disse.

Rossilho disse que o incentivo às empresas é importante para garantir a permanência das empresas na cidade. São 1,8 mil empresas que recebem o incentivo. “No Vale do Silício, são 18 mil empresas incentivadas, não só pelo poder público. Mas, no Brasil, faltam investidores de risco. E isso é o que queremos para Campinas”, disse.

Segundo ele, o município é o “Vale do Silício brasileiro sustentável” devido ao foco das empresas nas demandas ambientais. Um dos exemplos citados é o data center do Banco Santander, instalado no Centro de Desenvolvimento Polo Alta Tecnologia Campinas (Ciatec), em Barão Geraldo. O local inclui um parque para visitação e parte da vegetação original foi preservada.

O debate sobre o desenvolvimento de tecnologia em Campinas ocorre desde 2013, quando foi criado um conselho municipal para discutir as propostas e vocações da cidade. O estudo, feito com entidades de pesquisa e empreendedores, é para o período de 2015 a 2025, e deve ser entregue até o final do mês.


Empresas

O CEO e fundador da empresa de data center Ascenty, sediada em Campinas, Chris Torto, afirmou que a cidade foi uma escolha estratégica e que deu certo. “Não queríamos ficar em São Paulo, pelos problemas de tráfego e energia elétrica. Campinas era ideal pela distância, além de ter mão de obra qualificada e boa conectividade”, disse ele.

A rede elétrica é considerada uma das melhores do País e o Aeroporto Internacional de Viracopos também foi apontado como um dos motivos do sucesso. “Temos voos diretos para os Estados Unidos e Europa. Isso é muito importante. Muitas empresas de tecnologia estão vindo para Campinas, não há dúvida”, disse ele. A empresa realiza serviços de data center e telecom (oferta de redes de fibra óptica para operadoras) e está localizada no Techno Park, próximo à Rodovia Anhanguera.

O banco Santander, responsável pelo polo tecnológico, informou que escolheu Campinas devido ao espaço ser o mais adequado e estratégico, devido à proximidade com universidades de ponta, que são bancos de talento.

Em relação à sustentabilidade, a empresa informou que recuperou o terreno e hoje mais de 80% da área permanecem permeáveis. Em um espaço de 150 mil metros quadrados, foram plantadas mais de 170 espécies de árvores nativas da região e 25 mil mudas.

O Santander afirmou que, depois de instalado, as vantagens vistas no início se concretizaram. “A proximidade às áreas de pesquisa e tecnologia garantiram acesso às linhas elétricas e de telecomunicações de alta qualidade, além do fácil acesso e a quantidade de transporte público garantirem o acesso ao complexo pelos funcionários”, informou.