16/10/13 15h36

Campinas estuda utilizar antigo traçado do VLT

Correio Popular - Campinas

Plano da Prefeitura é aproveitar traçado e incorporá-lo ao sistema de ônibus rápidos, os BRTs

A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) está fazendo um levantamento completo sobre a estrutura do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para encontrar formas de aproveitar o antigo traçado, adequá-lo à nova realidade tecnológica e integrar o sistema com os corredores do BRT (trânsito rápido de ônibus) do Campo Grande e Ouro Verde, que devem começar a serem construídos em 2014, ligando a região de Viracopos ao Centro da cidade.

“Estamos fazendo um levantamento espacial do trajeto, detalhando quais intersecções e interferências devem ser feitas”, afirmou o secretário de Transporte Sérgio Benassi.

Segundo ele, técnicos estudam ainda se o traçado passa por áreas de proteção ambiental e quais são as obras viárias necessárias para viabilizar o projeto. “Nessa etapa queremos ter uma visão mínima do custo, uma definição do trajeto e um diagnóstico preciso da demanda”, afirmou Benassi.

O prefeito Jonas Donizette (PSB) destacou, durante o seminário sobre Mobilidade Urbana promovido nesta terça-feira (15) pela Emdec e Ministério das Cidades, a urgência em usar o leito ferroviário disponível na cidade para melhorar o transporte público coletivo.

Em entrevista exclusiva concedida ao Correio em setembro, a presidente Dilma Roussef (PT) afirmou que, se o projeto for viável, irá financiar a obra, que deve custar pelo menos R$ 1 bilhão.

“A ideia é incorporar os dois modais de transporte (ferrovia com o rodoviário). Por que o VLT dos anos 90 não deu certo? Porque não tinha linhas alimentadoras, não tinha ônibus interligando. A ideia é ter esse transporte interligado, mais ágil, de melhor qualidade e com preço condizente com aquilo que a população pode pagar”, afirmou o prefeito.

Segundo Benassi, a cidade já deveria ter investido no transporte sobre trilho. “Campinas é cortada por 44 km de ferrovias desativadas, é um luxo que na cidade tenha isso disponível e não tenha um transporte de massa sobre trilhos numa cidade metropolizada, com um grande número de pessoas que usam transporte coletivo e que recebe a demanda de toda região. Tudo isso poderia ser atendido pelas ferrovias”, explicou, acrescentando que o VLT irá interagir com o TAV, o corredor BRT e o trem metropolitano, proposto pelo governo do Estado.

Segundo ele, há demanda para implantar o VLT e o maior motivador é o Aeroporto de Viracopos. “Calcula-se que em três anos haja um deslocamento de 30 mil trabalhadores para cumprir funções em Viracopos”, afirmou. De acordo com Benassi, Campinas tem várias vantagens ao utilizar as áreas do antigo VLT. “Num projeto como esse, a parte mais difícil é a desapropriação e aqui isso está pronto”, afirmou.

O BRT irá beneficiar cerca de 300 mil pessoas que residem nas regiões do Ouro Verde e Campo Grande. O corredor Ouro Verde terá 14,4 km de extensão, saindo do Terminal Central (Viaduto Miguel Vicente Cury), seguindo pela João Jorge, Amoreiras, Ruy Rodriguez, Camucim e Terminal Vida Nova. O do Campo Grande terá 17,8 km de extensão, saindo do Terminal Multimodal Ramos de Azevedo, seguindo pelo leito desativado do antigo VLT, John Boyd Dunlop e chegando ao Terminal Itajaí.

A verba para os corredores, de R$ 340 milhões, vem do Programa de Aceleração do Crescimento da Mobilidade Urbana (PAC 2). A obra começará pelo Corredor Campo Grande e será feita em quatro etapas com a construção de pista exclusiva para os BRTs na Avenida John Boyd Dunlop.