25/08/08 14h16

Cana de São Paulo atravessa fronteiras e ganha mercado

Valor Econômico - 25/08/2008

O grupo Piasa, controlado por engarrafadores da Coca-Cola e um dos maiores produtores de açúcar do México, vai receber nos próximos dias uma encomenda que poderá mudar os rumos da companhia. A empresa importou material genético de cana-açúcar de São Paulo para elevar sua produção e já começa a planejar sua entrada em etanol. O material genético foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. A negociação de variedades de cana mais produtivas pelo IAC para empresas nacionais e estrangeiras deve se tornar corriqueira. "Estamos vendendo tecnologia para empresas do Brasil e do exterior para que elas aumentem a produtividade em regiões propícias ao cultivo da cana", disse ao Valor João de Almeida de Sampaio Filho, secretário de Agricultura do Estado. Além do México, o IAC também negocia a exportação de material genético a países africanos, como Angola e Moçambique, que também têm interesse de elevar seus investimentos no setor sucroalcooleiro. O Brasil é o ponto de partida para importação de material genético, uma vez que detém a expertise em produção de açúcar e álcool à base de cana. Segundo Sergio Quintero, diretor do grupo Piasa, a empresa fechou convênio com o IAC por cinco anos e deverá firmar outros com esse mesmo objetivo com empresas de pesquisas e universidades brasileiras. "A produtividade da cana processada por nossas usinas gira em torno de 65 toneladas por hectare. Queremos aumentar a produtividade em 15% com essas novas variedades", afirmou Quintero. No centro-sul do Brasil, a produtividade média gira em torno de 85 toneladas de cana por hectare. Segundo Quintero, além de material genético, o grupo também está importando equipamentos industriais da Dedini Indústria de Base, com sede em Piracicaba (SP), e também de outras companhias paulistas. No mercado interno, a venda de material genético de cana também está fortemente aquecido, sobretudo para a região Centro-Oeste do país. No oeste baiano, o IAC firmou parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa de Desenvolvimento do Oeste Baiano (Fundação BA) para desenvolver variedades propícias para aquela região. Em cada Estado dessas novas fronteiras, o IAC mantém campos de experimentos para novas variedades de cana. O secretário da Agricultura João Sampaio afirmou que todos os recursos obtidos com a venda de material genético de cana voltam para o instituto para fomentar novas pesquisas. Sampaio não revelou a receita do IAC com as vendas dessas variedades. "Temos um orçamento para este ano de R$ 11,5 milhões (US$ 7,32 milhões), o maior já recebido, para os diversos centros de pesquisas do Estado."