03/12/10 11h34

Carteira da GE para eólica atinge US$ 1,5 bilhão

Valor Econômico

Com uma carteira de contratos para fornecimento de equipamentos eólicos que em menos de um ano saltou de US$ 100 milhões para US$ 1,5 bilhão, a empresa americana GE passou a ver no Brasil um dos caminhos a percorrer para driblar a queda da demanda em outros países, principalmente nos Estados Unidos. Enquanto o governo brasileiro realizou seus dois primeiros leilões de energia eólica, países europeus retiraram seus subsídios e nos Estados Unidos, que têm um dos maiores parques mundiais, a queda dos preços de gás natural tornou a competição com energia térmica impraticável. O recuo chegou a 22% neste ano.

No Brasil não só o consumo cresce, em alguns meses desse ano na casa dos dois dígitos, como o governo tem dado sinais de que vai continuar a incentivar a energia eólica se os preços continuarem atrativos. Em menos de um ano, foi contratada energia de parques eólicos que juntos têm uma capacidade de gerar 3.900 MW.

Dos vencedores dos leilões, a GE arrematou contratos para fornecer aerogeradores que somam 800 MW. Como os financiamentos do BNDES exigem que 60% dos componentes sejam fabricados no país, as torres, os rotores e as pás eólicas serão produzidas aqui. Estas últimas pela Tecsis, empresa brasileira com quem a GE tem contrato de fornecimento mundial. Ao todo a GE tem contratos para fornecimentos de 1.000 MW. Nos próximos dois anos, isso vai gerar uma receita de US$ 1,5 bilhão.

A expectativa da GE é que o governo brasileiro mantenha a política de leilões para energia eólica e mesmo com a megaoferta de gás natural que o Brasil irá ter nos próximos anos, Abate não acredita que acontecerá o mesmo que nos Estados Unidos. Ele entende que a energia eólica é complementar a grande geração hidráulica no país e o governo federal dá constantes sinalizações de que vai manter seu apoio às energias renováveis.

O desafio dos empreendedores eólicos será manter os baixos preços. A competição que levou à venda de energia a preços inferior a R$ 130 (US$ 76,5) o MWh foi fortemente impulsionada pelos bons índices de capacidade dos parques que disputaram os leilões e também pela queda mundial por equipamentos que deixou a indústria ociosa e que acabou por baixar preços. Os índices de capacidade de produção dos parques eólicos brasileiros superam em alguns casos os 45%. Nos Estados Unidos, são em torno de 40% a depender da região, segundo o executivo da GE, e não chegam a 30% em alguns países da Europa.

Alguns agentes do setor temem que esses índices de produtividade não se mantenham ao longo dos anos já que são exigidos pela Empresa de Pesquisa Energética estudos de vento de apenas dois anos. Juan Pablo Gomes, vice-presidente da ContourGlobal, um dos clientes da GE no Brasil, conta que a NASA têm estudos do comportamento de ventos, há cerca de três décadas, e esses dados ajudam as empresas a fazer suas análises de investimentos. Além da ContourGlobal, a GE tem hoje entre seus clientes no Brasil grupos novatos no setor elétrico como a Renova Energia, Dobrevê Energia e Bioenergy. Os contratos com a GE são baseados na expectativa de financiamentos do BNDES a esses grupos, mas algumas garantias são exigidas, sendo negociadas com cada cliente, segundo o executivo da GE.