06/08/10 16h18

CCR permanece em estradas, mas busca rotas alternativas

Valor Econômico – 06/08/10

Maior companhia de concessões rodoviárias do país por faturamento, a CCR está em busca de outras rotas. Sem tirar um pé das estradas, segmento que responde por quase 90% de seus negócios, a companhia reforçou a estratégia de prospecção de novos negócios e se prepara para lançar mais uma empresa, a Samm, desta vez na área de transmissão de dados, aproveitando a rede de fibra óptica que já possui em quase toda extensão de sua malha. Além disso, está montando uma filial no Rio de Janeiro, que será dedicada à busca de oportunidades na área de mobilidade urbana. "Lá atrás, estabelecemos que nosso negócio é viabilizar investimentos e serviços em infraestrutura", afirma o presidente da companhia, Renato Vale. "É isso que sabemos fazer bem: somos bons desenvolvedores de negócios", acrescenta.

Essa visão de negócios, conforme o executivo, está refletida na aquisição da Rodovias Integradas do Oeste, a SPVias, anunciada nesta semana, que permite a conexão da malha da CCR RodoNorte à da CCR ViaOeste. "A SPVias é estratégica porque completa a interligação de nossa malha desde o Paraná, passando por São Paulo, até o Rio de Janeiro", argumenta Vale. "A partir de agora, vamos olhar (outras oportunidades) com muito cuidado, porque os retornos não são mais tão atraentes."

Por 73,45% do capital da concessionária, que opera um trecho de malha complementar ao da CCR no Estado de São Paulo, a empresa deve desembolsar R$ 947,2 milhões (US$ 541,3 milhões) - outros 26,55% deverão ser adquiridos, elevando o negócio a cerca de R$ 1,3 bilhão (US$ 742,9 milhões). As conversas com a SPVias, lembra Vale, tiveram início em 2006, porém somente prosperaram a partir do fim do ano passado.

A expansão do portfólio da CCR ganhou força em 2004, após a segunda oferta pública de ações, com a aquisição da ViaOeste, em São Paulo, que administra 168,6 km de rodovias entres as quais Castello Branco e Raposo Tavares. Desde então, a concessionária, que passará a administrar mais de 2,4 mil km de rodovias com a SPVias, venceu, junto com parceiros, a concorrência para operação e manutenção da Linha 4 do Metrô de São Paulo, e obteve a concessão de operação do trecho Oeste do Rodoanel. Sobre novas investidas em concorrências do metrô paulistano, Vale é cauteloso. "Vamos primeiro observar se o modelo adotado na Linha 4 funciona. Se funcionar e puder ser replicado, vamos avaliar", afirma. O mesmo tom é adotado quando o tema são os trechos Sul e Leste do Rodoanel, cujo edital para concessão foi publicado na quarta-feira. "Vamos analisar. É muito dinheiro".

Fora das estradas, a CCR apostou em serviços de tecnologia de pagamento, por meio da compra de participação na STP, que opera um sistema eletrônico de cobrança de pedágio e estacionamento, e, mais recentemente, à prestação de serviços de inspeção veicular, com a compra de 45% da Controlar. Esses serviços, que integram o segmento chamado como mobilidade urbana, deverão estar no foco da concessionária nos próximos anos. "Não vamos sair das concessões rodoviárias, porque pode haver boas oportunidades. Mas nosso foco está voltado a negócios que ofereçam taxa de retorno maior", resume Vale.