31/07/09 15h23

Cenário difícil leva Citrovita a focar custo e produtividade

Valor Econômico

Pega no contrapé por mudanças estruturais e conjunturais que derrubaram as cotações do suco de laranja no mercado internacional, a Citrovita, controlada pelo grupo Votorantim, terá de rever os próximos passos de um agressivo plano de expansão deflagrado em 2002. Dividido entre ampliações industriais e agrícolas, o ciclo de investimentos resultou em expansões da capacidade de processamento de suco e da produção própria de laranja da empresa. Novos aportes não serão suspensos, mas as prioridades mudaram para enfrentar o período de vacas magras.

"A laranja é uma cultura de ciclo longo, portanto não podemos tratá-la como se fosse alface. Vamos continuar investindo, com muito critério e foco na operação", afirmou Milton Flávio, diretor agrícola da Citrovita, que recebeu o Valor na fazenda da companhia no município paulista de Reginópolis, a pouco mais de 400 quilômetros da capital do Estado. Hoje com 706,4 mil árvores, com variedades precoces, médias e tardias de laranja, a Emu é uma das 14 fazendas incorporadas pela Citrovita desde 2003, todas no interior de São Paulo. Também no Estado estão as outras quatro fazendas - a primeira implantada em 1988, em Itapetininga - que a empresa manejava até então.

Em setembro de 2004, em entrevista a este jornal, Mário Bavaresco Júnior, diretor-superintendente da companhia, fundada em 1991, disse que o ciclo de expansão iniciado em 2002 deveria terminar em 2005, com investimentos totais da ordem de US$ 100 milhões. A preocupação em garantir matéria-prima própria para o processamento de suco era evidente, e as fazendas e os novos pomares absorveram cerca de 70% daquele montante total. De 2003 até 2007, foram investidos R$ 205 milhões (US$ 73 milhões) na compra de fazendas.

Ao detalhar a estratégia, Milton Flávio procura espantar qualquer impressão de que a crise de preços pode estar sendo mais severa com a Citrovita do que com as concorrentes. Hoje são quatro as grandes exportadoras de suco, que formam um oligopólio investigado há anos pelas autoridades brasileiras por uma suposta formação de cartel e, pelas americanas, por um suposto dumping nas exportações.

Há dez anos, eram cinco - a Cargill deixou a atividade no Brasil -, e em dez anos poderão ser três, sobretudo se a queda da demanda internacional mostrar-se permanente, como muitos analistas acreditam. Independentemente das perdas do grupo Votorantim com derivativos, em 2008, a Citrovita garante que será uma das três.