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Certificação no campo favorece ecossistema

Gazeta Mercantil - 28/04/2009

A implantação de certificação socioambiental na administração das lavouras pode ser uma das ferramentas determinantes para a conservação do ecossistema paralelo às atividades agropecuárias. Estudo realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), mostra ainda que embora seja benéfica, o alto custo na implantação torna a prática vulnerável a crises econômicas e queda nos preços, fatores que limitam investimentos em normas sustentáveis.

Além de ser considerado um diferencial importante para agregar valor e acessar novos mercados, o levantamento mostra que as condições de trabalho e a remuneração nas propriedades certificadas são melhores. O trabalho avaliou a agricultura sustentável empregada no cultivo de florestas (pinus) e café em todo o País. Até o ano passado, o Brasil contava com 73 empreendimentos certificados, sendo responsáveis por uma área de 5,3 milhões de hectares, segundo números do Imaflora.

A análise comparou as propriedades com e sem o controle sustentável. Contudo, os nomes das fazendas não foram divulgados. Conforme o instituto, no setor de florestas, 25% da área plantada - estimada em pouco menos de 5 milhões de hectares - é certificada. Já o café e o cacau possuem cerca de 80 mil hectares credenciados. "Só no primeiro trimestre de 2009, quatro novas fazendas de café foram credenciadas, somando 1,93 mil hectares. A projeção é que a certificação de café cresça 50% neste ano", calculou Guedes.

Entre os principais benefícios apresentados pelo estudo estão a redução no desmatamento, além de maior área destinada à conservação de matas ciliares. "Nesse contexto também estão contabilizadas as áreas em recuperação, ou seja, que foram replantadas", acrescenta Guedes. Além disso, o uso de agrotóxicos e a produção de resíduos, tanto de esgoto como de lixo, foram considerados mais seguros. Estes itens, conforme explicou o secretário executivo do Imaflora, são os que mais apresentam problemas nas lavouras de café. "Na parte trabalhista, também foi notado que as propriedades certificadas oferecem mais segurança no trabalho, com alojamentos, alimentação e salários acima da média do mercado". Em 2008, o Imaflora estima que 700 mil sacas de café certificadas foram produzidas. Deste total, cerca de 200 mil foram comercializadas com o selo.