21/12/12 15h00

Chery começa a selecionar fornecedores para Jacareí

Valor Econômico

A Chery começa a definir nos próximos meses os fornecedores da fábrica que está sendo erguida pela montadora chinesa em Jacareí, no interior paulista. A lista de potenciais parceiros inclui sete fornecedores da empresa na China - todos eles dispostos a acompanhar a investida no mercado brasileiro.
 
Paralelamente, outros dez fabricantes locais já passaram pela auditoria feita pela Chery e estão habilitados a fornecer seus componentes à montadora.
 
A chinesa planeja concluir, durante o primeiro semestre, a seleção das empresas que vão compor o cinturão de fornecimento em Jacareí. Entre os candidatos brasileiros estão fornecedores de estamparia, para-choques, rodas e cabos elétricos. A ideia é colocá-los numa área ao lado da fábrica.
 
Com o desenvolvimento desses fornecedores e planos que incluem a produção local de motores, a Chery espera atender desde o início de suas operações as exigências de nacionalização estipuladas pelo governo no novo regime automotivo.
 
Algumas multinacionais que operam no Brasil - como Bosch, Delphi e Magneti Marelli - também podem suprir a nova fábrica porque já foram homologadas pela matriz na China. Luis Curi, diretor comercial da Chery, lembra que um dos motivos que levaram a montadora a Jacareí foi a presença de um grande número de fabricantes de autopeças no Vale do Paraíba. "Num raio de 150 quilômetros, temos tudo o que precisamos de fornecimento", afirma o executivo, referindo-se a companhias que chegaram à região para abastecer fábricas da General Motors (GM), em São José dos Campos, e Volkswagen, em Taubaté.
 
Um dos trabalhos de Curi tem sido aproximar os fornecedores chineses de fabricantes brasileiros, na tentativa de estimular parcerias entre eles e facilitar a entrada dos asiáticos.
 
A experiência da Chery, que não buscou um sócio local para o investimento no Brasil, demonstra que a adaptação ao país nem sempre é fácil. Desde que assumiu em março o controle das operações comerciais no país, a matriz da montadora já teve de lidar com dois velhos problemas brasileiros: a complexidade tributária e a violência urbana. Na quinta-feira da semana passada, assaltantes invadiram as futuras instalações industriais em Jacareí e levaram notebooks, dinheiro e celulares dos funcionários.
 
Curi, principal executivo de origem brasileira na direção da filial, conta que também tem sido difícil explicar aos chineses como se dá a incidência de uma série de impostos no Brasil.
 
A empresa ainda espera a habilitação do governo para acessar os benefícios dados pelo novo regime automotivo às montadoras que investem na produção local. A Chery já solicitou a adesão como investidor, o que lhe garante - enquanto a fábrica estiver sendo erguida - uma cota para importação de 37,5 mil carros sem os 30 pontos percentuais extras do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
 
Segundo Curi, essa cota será usada nas importações dos compactos QQ e Celer. Já as importações da Rely - marca de veículos utilitários da grupo - serão feitas pela Venko, o representante que introduziu a Chery no Brasil. "Fomos a oitava empresa a solicitar a habilitação ao novo regime", diz o executivo.
 
As obras em Jacareí, que consomem investimentos de US$ 400 milhões, estão no fim da fase de fundações. Mais de 14 mil estacas já foram fincadas no terreno, segundo o diretor comercial. No fim de janeiro, um navio cargueiro partirá da China com toda a estrutura metálica da fábrica. Mesmo com os custos de frete, Curi diz que ficou "bem mais barato" trazer as instalações do país asiático.
 
A meta é iniciar a produção do modelo Celer em novembro do ano que vem. A programação prevê a fabricação de 50 mil unidades no primeiro ano de operação, elevando gradualmente esse volume até 150 mil carros em 2016. Isso daria para a Chery uma fatia de mercado estimada em 3%.
 
Segundo Curi, a rede de concessionárias da marca subirá de 82 para 150 lojas numa primeira fase de desenvolvimento. Neste ano, as vendas da Chery no Brasil marcam queda de 29,3%, somando 13,7 mil carros até novembro.