16/03/10 11h47

Citrosuco e Citrovita costuram a integração de suas operações

Valor Econômico

Os grupos Fischer e Votorantim negociam unir suas operações no segmento de suco de laranja, onde atuam por meio das empresas Citrosuco e Citrovita, respectivamente. Fontes gabaritadas deste mercado afirmam que há conversações em curso e que elas avançaram nos dois últimos meses. Procuradas, a Citrovita afirmou que não comenta rumores de mercado e a Citrosuco não se pronunciou O Valor apurou que o plano envolve todo o negócio de suco das empresas, incluindo fábricas, estrutura logística e pomares de laranja em produção ou em desenvolvimento nas fazendas próprias de ambas. As terras em si não estão no pacote. A ideia é criar uma nova companhia dividida em partes iguais por Fischer e Votorantim, ainda que, hoje, a Citrovita seja bem menor que a Citrosuco e tenha que ganhar musculatura para ter o mesmo peso na sociedade.

Fontes do segmento afirmam que a proposta de fusão partiu da Citrovita, e que não há data marcada para o desfecho das negociações, que poderão durar até um ano - apesar de "alguns conceitos" já estarem acordados. A gestão da nova companhia, que corre sério risco de ser vetada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) mesmo que as conversas sigam firmes, deverá ser liderada pela Citrosuco.

A Citrosuco é a segunda maior exportadora de suco de laranja do país, à frente justamente da Citrovita. Juntas, praticamente empatam com a Cutrale, tradicional líder do ranking nacional e mundial. Também forte no país, a francesa Louis Dreyfus Commodities completa o seleto grupo das quatro grandes exportadoras. O Brasil domina mais de 80% da soma entre as exportações globais do produto congelado e concentrado (FCOJ) e não concentrado (NFC), que ganha espaço desde 2003.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em 2009, as exportações totais da Cutrale, entre suco concentrado, não concentrado e subprodutos, somaram US$ 673,3 milhões, 22% menos que em 2008. Puxadas por suco e derivados, os embarques da Fischer Comércio, Indústria e Agricultura renderam US$ 551,1 milhões, alta de 135,2%. No caso da Citrovita, foram US$ 125,2 milhões, uma retração de 26,1%.

O parque produtivo do segmento é concentrado em São Paulo, onde as indústrias têm suas fazendas próprias de laranja, seus fornecedores tercerizados da fruta para fabricação de suco e suas fábricas de processamento. Das 14 fábricas das quatro companhias instaladas no Estado, cinco são da Cutrale, e as demais empresas contam com três unidades cada. A Citrosuco mantém fábricas nos municípios paulistas de Matão - a maior do país -, Limeira e Bebedouro, sendo que está última está desativada. As unidades da Citrovita estão nas cidades de Matão, Catanduva e Araras. A Citrosuco também tem uma fábrica nos Estados Unidos, onde a Cutrale há anos está com duas unidades e a Louis Dreyfus, uma.

Além disso, as companhias ampliaram os investimentos em suas estruturas logísticas de exportação nos últimos anos, com navios e terminais nos principais portos de mercados como EUA, Europa e Ásia. Com o avanço do suco não concentrado, que demanda mais espaço para o transporte, os investimentos em logística tiveram que ser fortalecidos.