18/03/10 13h30

Com a economia aquecida, todos os setores contratam

Folha de S. Paulo

O ritmo veloz de retomada da atividade econômica no início do ano fez com que o saldo de novos empregos formais no país chegasse em fevereiro a 209.425 vagas, o melhor resultado da história para o segundo mês do ano. Pela primeira vez, todos os setores da economia contrataram mais do que demitiram, e indústria, comércio e serviços também bateram o recorde para o período. Com a necessidade de recompor os estoques a tempo de acompanhar a expansão do consumo interno e o início da recuperação das exportações, a indústria de transformação foi responsável pela abertura de 63.024 novos postos de trabalho com carteira assinada.

Mesmo assim, os 290.170 empregos criados no setor desde abril de 2009 ainda estão longe de superar as 501.390 vagas fechadas no auge da crise. "A indústria vai ter o melhor ano da história. Há uma recuperação em toda a cadeia produtiva e as vendas externas começaram a responder, principalmente nas indústrias têxtil e calçadista", afirmou o ministro Carlos Lupi (Trabalho). Em fevereiro houve o segundo maior número de admissões da série do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), com 1,526 milhão de vagas preenchidas. Já o número de demissões ficou em 1,316 milhão no mês.

Além da indústria, o setor de serviços também registrou bom desempenho, beneficiado pelo Carnaval e pelas viagens de férias. Somente o segmento de alojamento e alimentação teve saldo de 17.738 postos no mês. Da mesma forma, o comércio absorveu 10.682 novos trabalhadores no período. A disseminação do aumento do emprego na economia também ocorreu geograficamente. Pela primeira vez, todas as regiões do país registraram alta em um mês de fevereiro. Das 27 unidades da Federação, em 13 houve recorde de vagas.

Na avaliação de Anselmo Luiz dos Santos, professor do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp, o resultado de fevereiro já era esperado diante dos últimos dados de produção industrial e das vendas no varejo. "A economia está retomando o dinamismo de 2008, de antes da crise. A evolução do emprego é compatível com esse crescimento", considera. Para ele, no entanto, o ritmo de crescimento do emprego tende a se acomodar a partir do segundo trimestre, ainda que a taxas elevadas de aumento.