06/07/10 11h17

Com caixa mais gordo, usinas já planejam investimentos

Valor Econômico

As maiores empresas do setor sucroalcooleiro conseguiram engordar o caixa neste ano aproveitando os preços recordes do açúcar na safra 2009/10 e a alta das cotações do álcool no mercado doméstico na entressafra. Os balanços das companhias com capital aberto mostram que Cosan, São Martinho e Açúcar Guarani tiveram juntas uma geração de caixa de R$ 2,4 bilhões (US$ 1,2 bilhão), mais que o dobro do que as três contabilizaram juntas ao fim do ciclo 2008/09. Desse total, só a Cosan Açúcar e Álcool gerou R$ 1,7 bilhão (US$ 863 milhões) (incluindo o efeito de operações de hedge), o melhor resultado da história da companhia. O valor sobe para R$ 2 bilhões (US$ 1,02 bilhão) se forem consideradas as outras empresas do grupo, como a Cosan Combustíveis e Lubrificantes (CCL).

A expectativa é de que a safra atual, a 2010/11, também ofereça boa rentabilidade e liquidez às usinas. "O desempenho na temporada vai depender muito da estratégia de hedge de cada empresa. Mas, de forma geral, tende a ser um mercado mais justo [em termos de preços]", diz Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan. O desempenho da companhia, que teve lucro líquido também recorde de R$ 986 milhões (US$ 500,6 milhões), levou a uma redução da relação entre a dívida líquida e a geração de caixa de 3,3 vezes em dezembro passado para 2,5 vezes em março deste ano - apesar de todos os investimentos feitos, como aquisição da NovAmerica e da Esso. "Vamos continuar nossos investimentos, como o projeto de cogeração, além dos voltados para logística e para a área de alimentação", diz Marcos Lutz, presidente da Cosan.

São Martinho e Açúcar Guarani também tiveram geração de caixa recorde. Mas é a parceria com a Petrobras Biocombustíveis que alavancará os investimentos das duas empresas, depois de dois anos de relativa estagnação na expansão da capacidade instalada. A estatal injetará nas duas novas parceiras mais R$ 2 bilhões (US$ 1,1 bilhão) nos próximos meses - R$ 1,6 bilhão (US$ 889 milhões) na Açúcar Guarani e R$ 420 milhões (US$ 233 milhões) na São Martinho. Com esse aporte vultoso, a Açúcar Guarani deve aproveitar, portanto, o caixa próprio, gerado nesta última safra, para reduzir seu endividamento. Já a São Martinho, que transferiu metade da sua dívida líquida para a nova empresa de etanol criada com a Petrobras - a Nova Fronteira Bioenergia -, ficará mais confortável para retomar o plano de crescer no Estado de São Paulo.