10/03/09 11h32

Com equipe reforçada, IBM atinge recorde de exportações no Brasil

Valor Econômico - 10/03/2009

Nesses tempos de demissão em massa, o que você diria se: 1- a empresa em que você trabalha mantivesse 300 vagas em aberto, depois de ter contratado 2 mil pessoas no ano passado; 2- você pudesse indicar um amigo para um desses postos; 3- você recebesse um bônus de até R$ 3 mil caso esse amigo fosse contratado? Parece bom demais para ser verdade, mas é isso o que está acontecendo na subsidiária brasileira da IBM. A companhia, que fechou 2008 com 17,4 mil funcionários no país, adotou um programa - batizado de "vaga premiada" - para dar continuidade às contratações e evitar o risco de perder negócios por falta de mão-de-obra.  Seria difícil encontrar espaço para tanta gente na velha IBM, concentrada em computadores de grande porte e software, mas essa urgência em contratar é parte essencial do novo desenho que a "Big Blue" vem perseguindo nos últimos anos: o de uma empresa de serviços de tecnologia da informação (TI).  A prova mais contundente dessa mudança de personalidade é o recorde na exportação de serviços: a IBM encerrou 2008 com US$ 400 milhões em exportações a partir do Brasil - o ponto mais alto em uma trajetória que começou a se acelerar há quatro anos: foram US$ 100 milhões em 2005, US$ 175 milhões em 2006 e US$ 300 milhões em 2007.  Não é de hoje que as grandes companhias americanas e europeias, das mais variadas áreas de atividade, perceberam que era mais fácil e barato terceirizar os serviços de TI. Do outro lado da mesa, os fornecedores de serviços logo perceberam a oportunidade de fazer esse trabalho em países com mão-de-obra mais barata, por razões óbvias. Poucas empresas de TI, no entanto, tinham o tamanho adequado para a missão e agarraram a oportunidade com tanto ímpeto como a IBM. Prova disso é o desempenho financeiro global da companhia. Em 2008, a receita atingiu um recorde de US$ 103,6 bilhões e o lucro líquido aumentou 18,4%, para US$ 12,3 bilhões. Aqui entra o papel do Brasil na nova rota da companhia. A aposta brasileira mostrou-se bem-sucedida. "No quarto trimestre do ano passado, ao comentar o desempenho global da IBM, o principal executivo financeiro da empresa citou especificamente a contribuição do Brasil e da Índia, que apresentaram crescimento de dois dígitos", conta Pelegrini. Um dos dez principais mercados da IBM, o Brasil é hoje parte de uma nova organização, criada pela companhia em julho do ano passado. Batizada de "growth market", ou mercado em crescimento, a unidade tem sede em Xangai e é comandada pelo peruano Bruno Di Leo, que já foi presidente da IBM no Brasil. A mudança garante maior liberdade de ação, afirma o executivo. "Enquanto em mercados maduros a TI acompanha o PIB, nos países do 'growth market' o crescimento é de duas a três vezes mais rápido. Para capturar esse crescimento, é preciso investir", afirma Pelegrini.  A prova de fogo de Pelegrini foi em outubro do ano passado, quando ele passou uma hora e 45 minutos na frente do conselho da IBM, incluindo o executivo-chefe Sam Palmisano, apresentando os projetos para o Brasil. Boa parte do tempo foi gasta para mostrar as vantagens do país, da estabilidade econômica aos recursos naturais. A apresentação surtiu efeito. "Conseguimos tudo o que queríamos para 2009", diz Pelegrini, fazendo segredo dos planos, mas sem esconder a satisfação.