08/02/10 10h47

Com novo perfil, serviços lideram contratações

Valor Econômico

De cada dois empregos criados no ano passado, um foi no setor de serviços. Desses, metade ocorreu entre trabalhadores ligados ao turismo e ao comércio e administração de imóveis. Essas categorias são as campeãs de vagas dentro no setor que mais cria empregos no Brasil e 2009 repetiu esse padrão. Ao todo, segundo dados oficiais, os serviços já empregam mais de 13 milhões de pessoas - pouco menos que os trabalhadores do comércio e indústria somados.

Até 2006, o setor criava empregos formais a uma taxa inferior à soma das demais atividades - indústria, comércio e agricultura. Esse quadro se alterou nos últimos três anos. Nos primeiros cinco anos da década, o mercado de trabalho, sem as vagas de serviços, cresceu 22,4%, enquanto o setor ampliou vagas em 18%. A partir de 2006, com o aumento da renda das famílias, a relação se inverteu. Enquanto indústria, comércio e campo ampliaram pessoal em 14%, o setor de serviços cresceu 16,9%.

Na década, a heterogeneidade característica do setor - que engloba desde operadores de telemarketing a administradores terceirizados, passando por professores, médicos, motoboys e garçons - aumentou. Os serviços, tradicionalmente concentrados em intermediação financeira nos grandes centros urbanos, mudaram de perfil: cresceram mais as atividades voltadas às famílias, como turismo, restaurantes, call centers e transportes.

A taxa de geração de empregos no setor de serviços foi superior ao Produto Interno Bruto (PIB) em todos os anos da década. Entre os subsetores capturados pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais), até 2008 e pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) no ano passado os que obtiveram maior expansão média na década foram os setores de comércio, administração de imóveis e serviços técnicos (56,5% em dez anos), e serviços de alojamento e comunicação, com 53,1%. Nos últimos anos, no entanto, é essa última quem cresce rapidamente. A categoria agrega os funcionários de hotéis e pousadas, além de trabalhadores em restaurantes e lanchonetes. Nos últimos três anos, esse subsetor ampliou sua participação em mais de 5% ao ano.

Por outro lado, o período entre 2000 e 2009 viu o setor de transportes e comunicação, que agrega motoristas e também operadores de telemarketing e call center, passar de 1,3 milhão de pessoas para quase 2,1 milhões - crescimento de 48,2% - ao mesmo tempo que o setor de instituições financeiras, preenchido por bancários, obter o menor crescimento - 32,5%.

A forte alta dos serviços no ano passado, que responderam por 500 mil das 995 mil vagas criadas, serviu para amortecer os efeitos da crise mundial na atividade e no mercado de trabalho, afirmam os analistas. Para eles, parte expressiva dessa ampliação decorre do caráter endógeno do setor, uma vez que depende mais das oscilações do mercado doméstico, como viagens de turismo interno, refeições fora de casa ou serviços de telecomunicações, que do exterior.