14/11/08 16h15

Com novo projeto, Ferroanel é desengavetado

Valor Econômico - 14/11/2008

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador paulista José Serra (PSDB) estão perto de um acordo para desengavetar o projeto do Ferroanel de São Paulo e desobstruir o tráfego ferroviário na maior região metropolitana do país. As obras estão orçadas em cerca de R$ 1,6 bilhão (US$ 695,6 milhões) e devem ser custeadas pelos governos federal e estadual, além de uma participação da MRS Logística. O empreendimento deve eliminar a tumultuada convivência entre trens de passageiros e de cargas. Por determinação de Lula, uma equipe de altos funcionários do Ministério dos Transportes e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mergulhou nas negociações e chegou a fazer um sobrevôo no centro de São Paulo. Consolidou-se então uma reviravolta no projeto original, que previa a construção de um anel ferroviário de 66 quilômetros entre Campo Limpo Paulista (por onde chegam os trens oriundos da região de Campinas) e Engenheiro Manoel Feio (a caminho do porto de Santos). Esse traçado constituía o chamado Tramo Norte do Ferroanel, que era a opção preferencial do governo federal. Já o governo de São Paulo via como prioridade as obras do Tramo Sul, projeto que cria um anel ferroviário por baixo da região metropolitana, ligando Rio Grande da Serra a Evangelista de Souza. No meio das discussões, surgiu uma terceira solução: a segregação das redes, construindo-se uma segunda via de trilhos ao lado da existente, entre Rio Grande da Serra e Campo Limpo Paulista, para separar definitivamente os caminhos ferroviários usados por cargas e por passageiros. Agora, trabalha-se com a perspectiva de dois investimentos simultâneos ou quase simultâneos: a desagregação de redes, passando por baixo da estação da Luz, e o Tramo Sul. Para a CPTM, a vantagem é óbvia: serão duplicadas as vias da linha 7/Rubi (Luz-Campo Limpo Paulista) e da linha 10/Turquesa (Luz-Rio Grande da Serra), dando mais eficiência à rede de transporte coletivo que liga o centro aos subúrbios. Uma linha fica dedicada exclusivamente aos passageiros. Outra, à carga. A desagregação das redes e o Tramo Sul darão um alívio ao crescente fluxo de cargas. O banco de desenvolvimento, ao analisar a demanda ferroviária potencial, prevê um aumento de 52,8 milhões de toneladas em 2007 para 99,4 milhões de toneladas em 2023. O volume de contêineres transportados sobre trilhos dobrará no período e haverá crescimento significativo das cargas de açúcar, álcool, soja, areia e fertilizantes, entre outros produtos.