05/03/10 11h38

Com Pão de Açúcar, Casino vai explorar shoppings no Brasil

Valor Econômico

O Pão de Açúcar, o maior grupo varejista do mercado brasileiro e do qual o francês Casino tem 50% do capital, vai começar a desenvolver projetos imobiliários "importantes", que envolverão a construção e a administração de centros comerciais - atividade já amplamente realizada na França pelo sócio, disse ontem, em Paris, o presidente mundial da companhia francesa, Jean-Charles Naouri, ao apresentar os resultados referentes a 2009.

O grupo francês reúne várias filiais que atuam no setor imobiliário sob diferentes formas, que vão desde a aquisição de terrenos à contratação de construtoras, comercialização dos espaços e gestão dos ativos, como o recebimento dos aluguéis dos lojistas. "A associação entre as atividades de distribuição e imobiliária é um dos pilares da visão estratégica do grupo Casino", declarou Naouri, para quem o Brasil se tornou um mercado "da mais alta importância estratégica" para as atividades da empresa francesa. Segundo ele, os projetos imobiliários comerciais não puderam ser realizados antes no Brasil em razão dos juros altos.

Segundo Jacques Ehrmann, presidente da filial Mercialys, que administra os centros comerciais do Casino, as conversas com o Pão de Açúcar sobre o desenvolvimento das atividades imobiliárias no Brasil foram iniciadas há bastante tempo. "Quando sabemos construir hipermercados, sabemos construir shoppings. O Pão de Açúcar sabe fazer isso. Não estamos falando de centros comerciais com lojas da Louis Vuitton. Serão shoppings populares, que utilizarão o fluxo de visitantes dos hipermercados para vender outros produtos em lojas distintas, que pertencem a outras redes", afirma Ehrmann.

Em 2009, o Casino faturou 26,7 bilhões, o que representa uma queda de 1,2% em relação ao ano anterior. Talvez por esse motivo, o Brasil teve destaque na apresentação dos resultados financeiros do grupo, ontem no auditório da bolsa de valores de Paris. O presidente mundial, que normalmente tem uma agenda de chefe de Estado e concede um ou dois minutos cronometrados aos interlocutores, fez inúmeros e longos comentários sobre o Brasil, "país que o Casino ama". Também pudera, após um crescimento de 29% nas vendas no Brasil no ano passado (se comparado com o mesmo número de lojas do ano anterior, o aumento foi de 12,7%), as perspectivas para o país, que já se tornou o segundo maior mercado mundial do Casino, após a França, "são atraentes", na avaliação do sócio francês.

Em 2010, as vendas no Brasil devem continuar subindo, não só no setor alimentar, mas também de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, que neste caso devem crescer mais de 15% ao ano nos próximos cinco anos, estima Naouri. A aquisição do Ponto Frio pelo Pão de Açúcar em julho passado não foi totalmente consolidada nas contas do Casino e o impacto da operação "é moderado", na avaliação do presidente. Mas em 2010, tanto as vendas do Ponto Frio quanto das Casas Bahia entrarão nos resultados do grupo francês. "O faturamento do Pão de Açúcar vai crescer em 2010 e o impacto sobre os resultados do Casino será significativo", diz Naouri. Ele estima que as vendas do grupo brasileiro atingirão R$ 50 bilhões em 2010, o que representa cerca de € 20 bilhões.