19/04/10 11h46

Com projetos bilionários, japoneses reagem ao avanço da China no Brasil

Valor Econômico

Os japoneses não assistem impassíveis a aproximação entre os governos do Brasil e da China, como ficou evidente na visita do presidente chinês, Hu Jintao ao Brasil, na semana passada, para encontro dos quatro grandes países emergentes conhecidos como BRICS (Brasil, Índia, China e Rússia): assim como os chineses, que anunciaram contratos bilionários com empresas brasileiras, uma missão japonesa, com 20 executivos de grandes empresas e grandes organizações estatais do Japão, visitou Brasília no fim da semana, para negociar aumento da presença japonesa no país.

Enquanto os BRICs anunciavam um acordo de intenções para coordenar ações de seus bancos de desenvolvimento, o Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC, da sigla em inglês), que já tem acordo semelhante com o BNDES, informava ao governo que, após firmar dois contratos com a Petrobras, de US$ 1 bilhão no total, em março, pretende financiar mais dois projetos que somam outros US$ 1 bilhão ainda neste ano só com a estatal.

O assédio das empresas japonesas ao Brasil tem forte apoio do Estado japonês, não só financeiro. Em maio, uma missão de japoneses interessados em investir no país em projetos de desenvolvimento sustentável virá ao Brasil para contatos com o BNDES, a Petrobras, a Vale e outras companhias. Em setembro, uma outra missão visitará o Japão, com empresas brasileiras, patrocinada pela Japan External Trade Organization (Jetro). Os japoneses lembram que ainda há queixas dos empresários do país ao que consideram barreiras do Brasil ao investimento e comércio.

A atuação dos japoneses no Brasil, assim como a dos chineses, tem a característica de reforçar o país como supridor de matérias primas e insumos para as economias asiáticas. Os japoneses se comprometeram com US$ 200 milhões para o trecho Oeste do Rodoanel, em São Paulo, por exemplo, e têm interesse em financiar projetos siderúrgicos, especialmente na Usiminas, que tem a Nippon Steel como sócia. Os próprios japoneses reconhecem que não há expectativas de mudança nesse modelo em médio prazo, embora o governo brasileiro tente atrair os japoneses para investimentos no parque produtivo brasileiro.