21/05/09 10h39

Com projetos de educação, setor público alimenta vendas de PCs

Valor Econômico - 21/05/2009

As indústrias de automóveis e de construção civil não são as únicas que têm enxergado no setor público seu melhor aliado em momentos de crise. Nos últimos meses, o governo - em suas três esferas - tem sido um dos principais motores do mercado de computadores. A demanda vem de toda parte, mas é a área de educação, entre todos os setores da máquina pública, que mais estimula os negócios dos fabricantes de PCs. A pedido do Valor, a empresa de pesquisas IT Data fez um levantamento das principais iniciativas em andamento no país. Os resultados indicam que neste ano mais de 300 mil laptops serão comprados por professores da rede pública de ensino. É o equivalente a quase 10% do total de vendas de portáteis projetado para 2009. O curioso é que, um ano atrás, esse mercado praticamente não existia.São Paulo e Pernambuco estão entre os Estados que têm puxado esse processo de "inclusão digital" do professor, junto com o Distrito Federal. Com projetos diferentes, os governos locais têm feito a ligação direta entre o fabricante de PCs e o consumidor final, driblando as cadeias de varejo. O resultado é a queda no custo do equipamento para o professor, o aumento na rentabilidade dos fabricantes e a garantia de pagamento do produto, já que a cobrança das máquinas costuma ser debitada no holerite. Em março, o governo de São Paulo fechou acordo com a Positivo Informática, a Microsoft e a Caixa Econômica Federal para lançar o "Laptop do Professor". O programa, que recebeu inscrições de 80 mil professores, deverá movimentar cerca de R$ 139 milhões (US$ 66,2 milhões). Em geral, os projetos costumam ir além da simples venda de equipamentos. O computador é acompanhado de um pacote de software, que inclui material para capacitação dos professores e conteúdo pedagógico para uso em sala de aula.

Mercado pela frente não falta. O Brasil tem cerca de 2,3 milhões de professores na rede pública de ensino, distribuídos em 157 mil escolas. Essas iniciativas podem ser um alento para os fabricantes de PCs, cujas vendas despencaram com a crise econômica. No primeiro trimestre deste ano, foram vendidos 2,2 milhões de computadores no país, 12% abaixo do volume registrado no mesmo período de 2008, informa a Abinee, associação da indústria de eletroeletrônicos.