17/03/10 16h30

Com virtualização, HDS impulsiona negócios no Brasil

Valor Econômico

Foi-se o tempo em que empresas e governos faziam todo o armazenamento de dados (o chamado "storage") em suportes eletromagnéticos, discos rígidos e outros dispositivos físicos. O processo de virtualização - a criação de computadores virtuais dentro de máquinas reais - atingiu primeiro o mercado de servidores e ganha força na área de armazenamento de dados. A Hitachi Data Systems (HDS), empresa do grupo Hitachi, soube aproveitar a mudança na tendência mundial para o setor.

A companhia estima fechar o seu ano fiscal de 2010 (que termina este mês) com crescimento de 7% na receita mundial. No trimestre concluído em dezembro, a companhia cresceu 15% em receita, variação recorde influenciada pelas vendas para China e América Latina. No Brasil, a expansão prevista para o ano fiscal ficou entre 20% e 25%. A Hitachi Data Systems não divulga dados sobre faturamento no país. A empresa está incluída na divisão de negócios de tecnologia e respondeu no ano fiscal passado por 27% do faturamento total do grupo, de US$ 102 bilhões.

O vice-presidente e diretor mundial de tecnologia da HDS, Hubert Yoshida, afirma que o desempenho foi proporcionado pela decisão de empresas e governos em fazer a virtualização dos dados armazenados. Ele observa que, no ano passado, o total de dados que circularam nas empresas por correio eletrônico, redes sociais e acesso a arquivos na internet cresceu 121%. O volume desses dados, também conhecidos como não-estruturados, é cinco vezes maior do que há dez anos e já representa 75% do total de informações armazenadas.

O novo diretor da empresa para o Brasil, Aírton Pinto, afirma que a adoção da nota fiscal eletrônica no país e a decisão do Tribunal de Justiça de virtualizar dados de processos gravados em fitas magnéticas colaborou para que as vendas da empresa no país tivessem um crescimento superior a 20% no ano passado. Para este ano, a tendência é de um crescimento ainda maior, diz. A expectativa da HDS é iniciar 2012 com uma participação no mercado brasileiro de armazenamento de dados de 25%, ante os atuais 13%. "A evolução do mercado brasileiro será decisivo para a empresa levar adiante seu projeto de abertura de uma fábrica no país", diz. Nos últimos meses, a empresa abriu escritórios em Porto Alegre e Belo Horizonte - a HDS já possuía escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A companhia avalia a possibilidade de ter fábrica própria no país para fazer a montagem dos componentes.

Uma das estratégias em análise é a instalação de uma unidade fabril no complexo industrial que o grupo Hitachi já mantém em São José dos Campos (SP). Se aprovado o projeto, a instalação da unidade ocorrerá dentro de dois ou três anos. Recentemente, a HDS instalou uma fábrica na China para atender os mercados asiático e europeu. De acordo com Yoshida, a região apresentou crescimento de dois dígitos e, com a América Latina, foi responsável pelos ganhos de faturamento da companhia. Para este ano, ele espera crescimentos também de dois dígitos na Ásia, Alemanha e no Brasil.

No ano passado, a HDS consolidou-se no Brasil como a terceira maior concorrente do setor de armazenamento de dados, ficando atrás da IBM e da EMC. Para este ano, o projeto da empresa no país contempla, além da abertura de escritórios, a ampliação dos canais de venda. Entre as soluções que oferece no país, diz Pinto, a maior parte do crescimento virá do aumento de vendas de soluções modulares para empresas de médio porte. Atualmente os principais clientes da HDS são instituições financeiras, indústrias petroquímicas e de telecomunicações e governos, que demandam dispositivos de armazenagem de alta performance, que permitem um acesso mais rápido aos dados guardados.