10/05/13 14h10

Comgás vai acelerar crescimento com investimento recorde

Valor Econômico

A Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) traçou planos ambiciosos para expandir seus negócios no mercado de gás canalizado nos próximos anos. Sob o comando da Cosan desde novembro, quando concluiu a aquisição dos 60,1% de participação que pertencia à British Gás (BG), a tradicional companhia de gás paulista se adaptou rapidamente à cartilha de Rubens Ometto Silveira Mello, fundador da Cosan. "Vamos fazer um investimento recorde este ano, de R$ 870 milhões, e planejamos aportes que devem atingir até R$ 3,2 bilhões para o novo ciclo 2014-2019", afirmou ao Valor Luiz Henrique Guimarães, diretor-superintendente da empresa.

Guimarães, egresso da Raízen, joint venture de produção de etanol, açúcar e combustíveis entre Cosan e Shell, foi o homem destacado pelos novos controladores para dar maior velocidade aos planos de crescimento do grupo.

Dona de uma área de concessão que inclui 177 municípios no Estado de São Paulo, a Comgás está presente hoje em 71 município e atende cerca de 1,2 milhão de domicílios. A meta para este ano é ultrapassar 1,3 milhão de casas. "O potencial a ser explorado é enorme [a concessão compreende cerca de 8 milhões de residências]", afirmou Guimarães. Em 2009, início do atual ciclo (que se encerra em junho de 2014), a base da companhia era de cerca de 800 mil residências.

Grande parte dos R$ 870 milhões previstos para este ano, ante R$ 620 milhões investidos no ano passado, será destinado para expandir a rede de distribuição de gás. A Comgás possui uma rede de 9 mil quilômetros e vai avançar mais 1.300 quilômetros só neste ano. A companhia planeja estender seus domínios para importantes regiões do interior de São Paulo, como Hortolândia, Piracicaba, São João da Boa Vista e Taubaté. Cerca de R$ 170 milhões serão destinados para reforçar o sistema de distribuição em 26 quilômetros de gasodutos submersos na represa Billings, entre São Bernardo (região do Grande ABC) e a capital paulista.

Apesar do forte potencial de expansão residencial, a companhia planeja expandir seus tentáculos nos segmentos comercial e de gás natural veicular (GNV), que depende da expansão da rede de postos. "Utilizar GNV sai 60%, em média, mais barato que realizar o mesmo percurso com etanol ou gasolina", disse o executivo.

Para o novo ciclo, que vai de 2014 a 2019, outros 4,5 mil quilômetros deverão ser adicionados à rede de dutos. Os investimentos, que ainda não foram fechados, devem superar os R$ 3 bilhões, segundo Guimarães. Dos 71 municípios onde já está presente, apenas 45 deles atendem clientes residenciais. "Isso significa que temos que expandir nesses mercados", disse Guimarães.

Neste trimestre, o mercado residencial respondeu por 3% do volume vendido. O segmento industrial hoje responde por 68%, enquanto o comercial ficou com 2%. GNV representa 4% do total distribuído, termogeração outros 17% e cogeração, outros 6%.

A velocidade de expansão da companhia projetada para os próximos anos já tem embutido o DNA da Cosan, que se tornou um grande player no setor de infraestrutura. "Não mudou muita coisa desde que assumimos o controle. Estamos analisando oportunidades para expandirmos os nossos serviços", disse.

São Paulo é considerado um dos principais Estados com maior potencial comercial para gás natural. Além da Comgás, as concessionárias Gás Brasiliano, controlada pela Petrobras, e a Gas Natural Fenosa, de capital espanhol, atuam no Estado.

A expansão da Comgás no Estado ganhou maior ritmo a partir de 1999, quando a companhia foi privatizada. Até o ano passado, a empresa era controlada pela BG. A petroleira inglesa decidiu vender sua participação de 60,1% para a Comgás por R$ 3,4 bilhões para centrar foco no pré-sal. Outros 18% de participação estão hoje nas mãos da Shell e o restante no mercado. Antes de vender seu controle para a Cosan, a BG cogitou levar a companhia para o Novo Mercado da Bovespa, mas a ideia não seguiu adiante.

Antes de realizar uma oferta pela Comgás, a Cosan chegou a fazer proposta para comprar a Gás Brasiliano, que foi parar nas mãos da Petrobras. Analistas de mercado afirmam que o grupo ficou com o melhor ativo desse segmento. A concessão da Comgás tem prazo de 30 anos, renováveis por mais 20 anos. A Comgás tem 140 anos de história [a empresa começou a operar oficialmente em 1872 como San Paulo Gas Company, responsável pela iluminação pública da cidade de São Paulo àquela época]. "A Comgás foi grande aquisição da Cosan" disse o executivo.

A Comgás tem em vigor dois importantes contratos de fornecimento de gás, que somam 13 milhões de metros cúbicos/dia. O gás boliviano, que responde por cerca de 60%, vence em 2019. O fornecimento nacional expira no fim deste ano. Segundo Guimarães, a empresa está em negociações com a Petrobras e deverá assinar novo contrato até o terceiro trimestre, cujo vencimento será em 2017.