03/12/10 11h28

Concorrência aumenta e maquiagem se sofistica

Valor Econômico

O mercado brasileiro de maquiagem nunca esteve tão bem servido. Já faz tempo que as principais marcas internacionais desembarcaram por aqui. Entre as mais recentes estão a alemã Artdeco e as americanas Nyx e Bodyography. A icônica MAC garantiu seu território há mais tempo: tem oito anos de Brasil e mantém 15 lojas. Ainda este mês, a Chanel inaugura uma loja exclusiva de perfumes e maquiagem no shopping Iguatemi, em São Paulo. Diante da concorrência crescente, a indústria nacional investe em sofisticação. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o segmento de batons movimentou 8% mais em 2009 em relação a 2008 - totalizando R$ 554 milhões (US$ 325,9 milhões). A variação em volume foi menor, de 5%. Já a maquiagem para o rosto teve alta de 40% em valores e de 20% em volume.

Esse movimento não se deve apenas à concorrência externa, diz Monica Gregori, diretora de comunicação e marketing da Natura. "A brasileira está descobrindo o prazer de se maquiar. Até dois anos atrás, 43% das mulheres usavam maquiagem. Hoje, esse percentual subiu para 52%", afirma Monica. Segundo a executiva, a mulher brasileira sempre foi mais básica. Contentava-se com um batom e um lápis e nem queria ouvir falar de base - um produto muito associado a prejuízos para pele. Atualmente, diz Monica, vive-se um momento de culto à identidade e as pessoas querem expressar sua singularidade e seu estado de espírito. E um rosto maquiado ajuda nisso.

Para aproveitar o bom momento, a Natura passou três anos no desenvolvimento do que afirma ser sua linha mais sofisticada até hoje, a Natura Una, lançada há dois meses. A empresa não revela valores, mas diz que esse foi o mais alto investimento feito em maquiagem pela empresa desde 1992, quando entrou no segmento. "Nossa intenção era criar produtos que unissem sustentabilidade com performance e qualidade", afirma Monica. A nova linha tem, por exemplo, produtos livres de talco mineral - "prejudicial à saúde de quem o extrai". Em seu lugar, entrou um talco feito à base de babaçu. Os produtos da Una ajudaram a elevar a receita líquida da companhia em 22% no terceiro trimestre, para R$ 1,28 bilhão (US$ 753 milhões).

Com itens de maquiagem no portfólio desde 1989, o Boticário também tratou de sofisticar seus produtos. A linha mais recente, a Make B., consumiu quatro anos de desenvolvimento e investimento da ordem de R$ 20 milhões (US$ 11,8 milhões). Com 136 itens, a linha une design caprichado nas embalagens, fórmulas que tratam a pele e a tecnologia "HD" (high difinition) - que tem alta cobertura e disfarça as imperfeições do rosto. O Boticário também investiu em treinamento e contratou maquiadoras para ficarem de plantão em suas lojas, ensinando a consumidora a usar os produtos.

Com menos tempo de mercado, apenas sete anos, a empresa Vult vislumbrou cedo o potencial de produtos sofisticados. Além de uma linha própria, mais popular, a empresa lançou uma coleção em parceria com o maquiador Duda Molinos em 2007. "Foi um lançamento tímido, para sentir a aceitação do mercado", revela Murilo Reggiani, sócio da Vult. No início deste ano, a Vult colocou a linha Duda Molinos novamente no mercado, de maneira totalmente reformulada. "O batom ficou três vezes mais caro, porém estamos vendendo 20 vezes mais", comemora o executivo. A Vult vai fechar o ano com 45% de crescimento. Atualmente, a linha Duda Molinos está em 600 pontos de venda. A marca Tracta, da Farmaervas, também quer uma fatia desse mercado. Para tanto, tem investido nas fórmulas de maquiagens "HD" - em batons, gloss e bases.