01/07/08 11h41

Confiança da indústria cresce no curto prazo

O Estado de S. Paulo - 01/07/2008

Os empresários da indústria de transformação continuam confiantes nas boas perspectivas de produção, vendas e emprego no curto prazo. Mas já há uma certa preocupação com o cenário para os próximos seis meses, aponta a Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Índice de Confiança da Indústria (ICI), um indicador que sintetiza o humor dos empresários do setor, encerrou junho com elevação de 3% na comparação com o mesmo mês do ano passado e alta de 1,6% ante maio de 2008. "Os resultados de variáveis operacionais no curto prazo estão fortes", afirma o coordenador da pesquisa, Aloisio Campelo. "Nota-se, porém, uma certa preocupação em relação ao sentimento dos empresários para um período mais longo." De acordo com a sondagem realizada no mês passado, que ouviu 1.031 indústrias que faturam juntas R$ 546,5 bilhões (US$ 341,6 bilhões) por ano, 9% delas declararam que os negócios vão piorar nos próximos seis meses. Esse resultado é mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado (4%) e o maior desde outubro de 2006 (10%). Com a política monetária mais apertada para conter o avanço da inflação, é natural, segundo Campelo, que os empresários fiquem mais cautelosos. Ele observa que essa cautela já foi notada no recuo da confiança do consumidor. No caso da indústria, o movimento é tênue e deve ganhar contornos mais nítidos a médio prazo. No curto prazo, o aumento no uso da capacidade instalada reforça o otimismo da indústria. Em junho, esse indicador atingiu 86,4%, ante 84,7% na comparação com junho de 2007. "O nível está alto, mas não é preocupante", diz Campelo. Ele observa que houve de maio para junho uma certa estabilização de setores que estavam pressionados, como o de metalurgia e mecânica. Em contrapartida, setores ligados a commodities agrícolas e produtos químicos usados na produção de fertilizantes ampliaram o uso da capacidade instalada. "O aumento não é explosivo, mas o patamar está bem acima do nível do ano passado", diz ele. São esses setores que estão hoje com preços pressionados e são os responsáveis pela inflação. Segundo a pesquisa, a demanda interna continua vigorosa e impulsiona a demanda global. Em junho, 34% das companhias informaram que a demanda interna está forte, o mesmo porcentual do mês anterior e um pouco maior que o registrado em junho de 2007 (31%). A demanda externa surpreendeu, diz Campelo. Subiu em junho após dois meses consecutivos de queda.