22/07/09 14h35

Consolidada, classe C muda planos da indústria e do varejo

Valor Econômico

A classe C, que já representa 100 milhões de pessoas, ou metade da população do país, continua sendo a principal alavanca que sustenta as vendas do varejo e da indústria. A renda neste ano subiu, impulsionada pelo aumento de 12% do salário-mínimo, o desemprego não veio na intensidade e na abrangência temidas, e a queda do juro, ainda que lenta, ajuda a aumentar a concessão de crédito. O cenário desenhado neste ano, mesmo com a crise global ainda não debelada, mostra que a nova classe C não é um fenômeno conjuntural, veio para ficar e está mais exigente, mudando a estratégia de longo prazo das empresas.

A classe C, que vem crescendo com maior vigor desde 2003 e nos últimos dois anos ganhou 22,5 milhões de pessoas, despertou a atenção do varejo e da indústria de bens de consumo final, que intensificam estratégias específicas para atender esse consumidor mais exigente.

A mensagem foi captada pela líder de produtos de linha branca no país, a multinacional Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul. Para atender a consumidora que quer uma geladeira mais moderna, que não precisa ser descongelada para ser limpa, mas que não podia comprar uma "frost free" de duas portas, a empresa lançou em outubro um refrigerador "frost free" de uma porta da Consul, marca mais popular do que a Brastemp.

A Nestlé já tem mais de 20 produtos voltados especificamente para a população de baixa renda, seja com características nutricionais diferenciadas - como adição de vitaminas ou com mudanças no sabor (em geral mais doce) - ou com embalagens menores e mais econômicas, como os sachês de farinha láctea e Nescau. Os itens são distribuídos no varejo no Nordeste e na operação porta a porta da multinacional, iniciada em 2006.

No varejo, a força da classe C fez o grupo Pão de Açúcar reavaliar formatos no ano passado e desenhar uma estratégia focada no crescimento da bandeira Assai, de "atacarejo" - modelo híbrido de atacado com varejo -, adquirida no fim de 2007. "Com lojas robustas e sem luxo, o foco do Assai é o consumidor que busca preço e o transformador de pequeno porte", diz José Roberto Tambasco, vice-presidente do grupo. "Dobramos o tamanho da rede Assai nesse último ano e vamos dobrar de novo", acrescenta. Hoje a bandeira tem 32 unidades. A meta é iniciar 2011 com 62 lojas. O grupo não é o único a olhar para esse público, o concorrente Carrefour também investe na bandeira de "atacarejo" Atacadão e nas lojas de desconto Dia. No primeiro semestre foram inauguradas seis unidades Atacadão e 15 lojas Dia.