24/09/10 15h10

Consultoria impulsiona Deloitte no Brasil

Valor Econômico – 24/09/10

Empurrada pelo avanço dos serviços de consultoria, a Deloitte cresceu mais no Brasil que a média mundial, enquanto os escritórios nos países desenvolvidos lutavam para reduzir os efeitos da crise global. A firma de serviços profissionais faturou R$ 738 milhões (US$ 421,7 milhões) no Brasil no ano fiscal terminado em maio, um crescimento de 9% sobre 2009, quando o avanço já havia sido de 16%. No mundo, a Deloitte cresceu 1,8%, para US$ 26,6 bilhões, com desempenhos pífios nos grandes centros europeus e americanos.

Beneficiada, assim como outras firmas do setor de contabilidade, pela demanda de serviços relacionados à retomada do mercado de capitais e às mudanças da regras contábeis, a Deloitte teve também uma ajuda significativa de seu segmento de consultoria de sistemas de gestão empresarial. O avanço da receita foi de 30% no período, bem acima de outras áreas de consultoria e dos serviços de auditoria de balanços de companhias abertas. A auditoria, uma atividade que traz prestígio, mas envolve um risco maior, tradicionalmente respondia por metade das receitas da firma. Nos anos recentes, a área de consultoria - que também inclui serviços tributários e de assessoria financeira - vem ganhando espaço e já representa 60% das vendas.

A prestação de serviços de implantação de sistemas de gestão de empresas por firmas que auditam demonstrações financeiras de companhias com ações em bolsa foi muito criticada depois dos escândalos empresariais ocorridos há dez anos nos Estados Unidos e Europa. No Brasil, a polêmica é ainda mais antiga, remetendo às quebras dos bancos Nacional e Econômico, em meados da década de 90. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tentou proibir a prestação de qualquer serviço de consultoria por empresas de auditoria, mas o assunto acabou na Justiça e não foi adiante.

A pressão de órgãos reguladores e dos investidores no mundo todo levou três das chamadas "quatro grandes" do setor - PwC, Ernst & Young e KPMG - a vender seus negócios de consultoria tecnológica. A Deloitte foi a única a manter a operação. A decisão deu uma vantagem competitiva à firma, avalia Juarez Lopes de Araújo, presidente da Deloitte no Brasil, no momento em que os três concorrentes tentam recuperar o terreno perdido. "Queremos crescer ainda mais nessa área", diz. Para Araújo, infraestrutura será o motor para os próximos anos, na esteira dos eventos esportivos e investimentos do governo.