22/12/09 11h21

Consumo de não durável sobe 16% na baixa renda

O Estado de S. Paulo

O carrinho de compras das classes D e E ficou mais cheio no terceiro trimestre deste ano. O consumo de alimentos, bebidas, artigos de higiene e de limpeza das famílias de menor renda cresceu 16,8% em volume entre julho e setembro de 2009, comparado ao mesmo período de 2008. Na classe C, o aumento foi de 7,7% e na AB, de 5,2%.

Entre todas as classes sociais, a expansão foi de 9,7%, segundo um estudo da empresa de pesquisa de consumo domiciliar LatinPanel, que capta dados em 8,2 mil domicílios do País. O desembolso com esses itens cresceu 10,7% no período analisado, também puxado pelas classes de menor renda, onde a alta foi de 14,3%, ante 9% na AB e 8,4% na C. O crescimento do consumo de bens não duráveis no Brasil nos últimos meses foi beneficiado pelo aumento da renda e do emprego. "Com isso, a baixa renda está acessando novas categorias de produtos", explica a diretora comercial da LatinPanel, Christine Pereira. A queda de preços no período também permitiu o cenário de expansão do consumo, segundo Christine.

A categoria de alimentos foi a principal responsável pelo crescimento do consumo de bens não duráveis, com aumento em volume médio de 13,8% no terceiro trimestre de 2009, ante mesmo período de 2008. Os produtos de limpeza tiveram crescimento de 9,2% e bebidas, de 6,2%. Entre os itens cujo consumo mais se destacou estão pães, com crescimento de 36% no volume médio, e iogurte, com 10% de expansão. Segundo Christine, o avanço na renda do trabalhador de menor renda atinge diretamente as vendas dos bens não duráveis. "É onde ele gasta a maior parte de seu dinheiro", explica. Além disso, com mais dinheiro, esse consumidor também passa a descobrir novos produtos. Segundo a pesquisa, as classes D e E "estrearam" no consumo de produtos como água sanitária, detergente líquido e massa instantânea.

Com isso, o número de categorias presentes na cesta de compras desse grupo de consumidores passou de 15 para 18 entre o terceiro trimestre de 2008 e o de 2009. Já a classe C incluiu quatro novas categorias de produtos em sua cesta de compras (como iogurte e salgadinhos), chegando a 23 itens. A classe AB, por sua vez, passou de 24 para 25. "A sofisticação desse consumidor está aumentando e, por consequência, elevando também o gasto médio." Esse movimento já faz com que o consumo total desse público, em valor, seja 3% maior que o das classes A e B. Considerando-se o gasto per capita, no entanto, as famílias de maior renda ainda consomem 20% a mais que as de baixa renda, segundo a LatinPanel.