Continental investe R$ 30 milhões para produzir ABS em SP
Valor Econômico
A Continental, um dos três maiores grupos de autopeças do mundo, está direcionando investimentos ao mercado de segurança veicular para aproveitar oportunidades vindas com a obrigatoriedade de novos equipamentos de proteção nos veículos. Depois de investir cerca de R$ 30 milhões para produzir freios ABS na fábrica de Várzea Paulista (SP), a multinacional alemã começou a avaliar a produção no país de módulos eletrônicos de airbags.A partir do ano que vem, todos os carros novos vendidos no país deverão estar equipados tanto com airbag duplo na parte frontal como com o sistema que evita o travamento de rodas nas frenagens, conhecido como ABS.
Dentro de um cronograma estipulado em abril de 2009, a obrigatoriedade desses equipamentos vem subindo gradualmente: começou por 8% da produção em 2010, até chegar a 60% neste ano. Isso significa um salto - de 266 mil para mais de 2,2 milhões de carros - na cobertura da legislação que visa aperfeiçoar e atualizar os requisitos de segurança dos veículos.
A partir de 2014, esse volume atinge a totalidade do mercado de automóveis e comerciais leves no Brasil, algo próximo a 3,8 milhões de carros. Isso sem colocar na conta os caminhões e ônibus, também cobertos pela "Lei do ABS". No caso do airbag, a regra vale apenas para os carros e utilitários leves.
De olho nessa demanda, a Continental instalou na fábrica de Várzea Paulista - onde já produz freios hidráulicos - sua primeira linha de freios eletrônicos na América do Sul, com investimentos de aproximadamente R$ 30 milhões. A capacidade é de 1,2 milhão de módulos de ABS para automóveis compactos e subcompactos, ou cerca de um terço do mercado total de carros de passeio do país.
Hoje, a Continental - grupo que faturou € 32,7 bilhões no mundo em 2012 - faz a inauguração oficial da linha de produção de ABS, em evento com a presença do vice-presidente mundial da empresa na divisão de sistemas de freios eletrônicos, Frank Jordan. A ideia é produzir em três turnos de trabalho até o fim do ano, alcançando dois turnos já no primeiro semestre. A geração de empregos é estimada em 80 vagas de trabalho, entre postos diretos e indiretos.
Em Salto, também no interior paulista, a Continental já fabrica os sensores de velocidade de rodas que compõe o sistema do ABS. Segundo Sandro Beneduce, que assumiu a presidência da subsidiária brasileira em fevereiro, a aposta no mercado de freios ABS está inserida na estratégia da empresa de expandir o portfólio de produtos para crescer acima da média do mercado. Nessa linha de ação, a empresa abriu há oito meses um laboratório para o desenvolvimento de tecnologias de motor em Salto (SP) e começa a estudar a produção local das centrais eletrônicas de controle de airbags, hoje importadas do México. Paralelamente, a companhia está investindo € 150 milhões para dobrar - para 9 milhões de unidades - a capacidade de produção de pneus em Camaçari, na Bahia.
"Ter engenharia local é a base para continuar crescendo na região", afirma o executivo. Esse posicionamento também está ligado ao novo regime automotivo, que, ao estabelecer metas para que os carros produzidos no Brasil sejam mais eficientes, levará a um novo ciclo de desenvolvimento de tecnologias, sobretudo nos sistemas de propulsão dos veículos.
A produção de ABS em Várzea Paulista, contudo, faz parte de um projeto desenvolvido fora do país pelo grupo. Nesse mercado, a Continental terá como concorrentes no Brasil a americana TRW e a coreana Mando, além da também alemã Bosch, que investiu cerca de R$ 20 milhões em uma nova linha de ABS em Campinas, inaugurada no início do ano.
Carlo Gibran, gerente de vendas da Bosch, diz que a empresa, a depender da evolução do mercado, também poderá acionar uma linha adicional de ABS no segundo semestre, ampliando sua capacidade de produção para 1,8 milhão de módulos por ano.
A obrigatoriedade do equipamento também fomentou investimentos por parte dos fornecedores de componentes atingidos pela introdução da tecnologia, como a SKF, que desembolsou ao redor de R$ 5 milhões na produção e adaptação de rolamentos para rodas que utilizam o sistema ABS. A linha - instalada na fábrica da empresa em Cajamar, na Grande São Paulo - vai abastecer duas montadoras de carros, informa Fabrício Teixeira, gerente de engenharia da SKF.
A empresa espera produzir ao redor de 600 mil peças dessa nova geração de rolamentos já no primeiro ano de operação da linha, cujo início está previsto para os próximos meses.