16/11/10 11h50

Controle biológico diferencia cana do Brasil

Valor Econômico

Conhecido por sua expertise no setor sucroalcooleiro, o Brasil lidera também o maior programa de controle biológico do mundo em canaviais. Praticamente toda usina de grande e médio portes do país é hoje autossuficiente na produção da cotésia - uma minúscula mas poderosa vespa, considerada o predador natural da broca-da-cana, a maior praga da lavoura. De acordo com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), braço de pesquisa das usinas, há hoje no país cerca de 80 laboratórios, entre os próprios e os independentes, que produzem um exército de 60 bilhões de vespas liberadas anualmente nos canaviais, cobrindo uma área de 2,5 milhões de hectares, ou 36% da área total plantada com cana.

O controle biológico tem pelo menos duas vantagens: evita a contaminação do ambiente, já que dispensa a utilização de agrotóxicos, e reduz em quase três vezes os custos em relação ao emprego de produtos químicos. "Não existe um canto do Brasil que não tenha o problema da broca onde há cana-de-açúcar", diz Enrico Arrigoni, engenheiro agrônomo e fitopatologista do CTC. "E a cotésia (Cotésia flavipes) é o único inimigo natural da broca (Diatrea saccharilis)".

A produção em laboratório desses insetos começou na década de 70, quando a infestação ocorria, em média, em 11% dos canaviais. "Pode parecer pouco, mas esse percentual representava um prejuízo grande ao produtor", diz Arrigoni. "Para cada 10% de infestação, perde-se 8% na produção total de cana, 2,5% na de açúcar e 2% na de álcool". Diante desse quadro, o setor resolveu contra-atacar. E a medida em que os investimentos em laboratórios de controle biológico cresciam, os ataques da broca recuaram. Hoje, a média de infestação está bem abaixo da taxa histórica - varia entre 2,5% e 3%.