11/03/10 11h04

Conveniência vira meta para o Pão de Açúcar

DCI

A rede de supermercados francesa Carrefour, com oito lojas de conveniência em postos de gasolina com bandeira da empresa, vai ganhar um concorrente de peso, caso o Grupo Pão de Açúcar (GPA -Companhia Brasileira de Distribuição) entre no segmento. A companhia de Abílio Diniz e do grupo Casino estuda implantar um modelo de loja de conveniência com marca própria para atuar nos postos de gasolina da rede, e ganhar espaço na disputa do segmento em postos de gasolina. Essa área cresce, em média, 15% ao ano e é hoje dominada por AM/PM, bandeira da distribuidora de combustível Ipiranga, além de BR Mania, marca com 722 lojas nos postos da BR Distribuidora, braço de varejo de combustível da Petrobras, além da Shell Select (Shell) e da Chevron, braço da Texaco.

A ideia é ir além da bomba e usar a estrutura dos mais de 80 postos próprios do Grupo Pão de Açúcar para abocanhar parte do faturamento de R$ 1,6 bilhão (US$ 889 milhões) que a modalidade de varejo deve faturar em 2010, segundo especialistas do mercado. Para a varejista, a abertura de novos postos está entre as metas para os próximos três anos, período em que o GPA deve investir R$ 5 bilhões (US$ 2,8 bilhões). Sérgio Groba, gerente de postos de combustível do GPA diz que a companhia poderá operar a nova bandeira ou adaptar modelos menores de supermercado para atuar junto aos postos de rua de bandeiras da rede.

De acordo com o gerente, a rede não pretende franquear as lojas de marca própria no futuro, como acontece com as operadas pelas distribuidoras de combustível. "Não teria sentido usarmos bandeiras de conveniência de outras redes: nosso negócio é varejo, em que temos expertise. Temos a confiança do consumidor quando oferecemos serviços adicionais." Groba conta que para ter sucesso nesse modelo é preciso ofertar ao consumidor uma seleção variada de produtos e zelar pelo atendimento rápido.

O professor Cláudio Felisoni de Ângelo, do Programa de Administração do Varejo (Provar), diz que o setor é atrativo para grandes varejistas porque atrai o consumidor que procura por facilidade na hora da compra. Ainda segundo Felisoni, o modelo pode tornar-se um novo capítulo na briga das varejistas por causa da taxa de crescimento: "Os supermercados crescem aproximadamente 9%, mas este ano o setor de lojas menores, de conveniência, deve crescer ainda mais do que isso", conta. De acordo com o professor, o comportamento do consumidor hoje leva-o a procurar fazer compras mais rápidas, fator determinante do crescimento das vendas nessas lojas. "Vemos nos estudos que 80% das pessoas frequentam esse tipo de comércio e que clientes de outras modalidades de varejo também têm sido abocanhados por esta modalidade."

Nuno Fouto, também professor do Provar, acredita, por sua vez, que há espaço para estas bandeiras de supemercadistas se destacarem neste segmento se elas oferecerem mais soluções ao cliente. "É interessante, porque o grupo vai ficar com um formato mais fácil de uma mesma marca. Parece que a marca Extra pega bem para esse modelo". A este respeito, Fouto diz que, mesmo havendo vários formatos, "é mais fácil ter uma rede de mesmo nome porque é mais fácil fortalecer um do que três quando se quer ter presença nacional".