01/03/10 10h43

Copa e Olimpíada põem país no foco da Nike

Folha de S. Paulo

A Nike usa -e bem- o Brasil. Mas o Brasil usa a Nike? Pouco mais de 13 anos depois do primeiro e polêmico contrato com a CBF, uma CPI, acusações de interferência na seleção e até um colapso de Ronaldo antes da final da Copa de 1998, a gigante americana chegou lá. Anunciou na semana passada, em Londres, que já lidera o mercado mundial do futebol. Para o setor, uma reviravolta.

Com estimativa de faturamento global superior a US$ 19 bilhões em 2009, a Nike desbancou a rival Adidas, a empresa de origem alemã que durante décadas influenciou atletas e dirigentes e moldou, para o bem e para o mal, o esporte como entretenimento e negócio. "É como em qualquer relação. Tivemos bons momentos e alguns percalços", afirma Charlie Denson, um dos três CEOs da Nike.

"A Nike sempre foi uma marca ligada à criatividade, e o Brasil, a marca do jogo bonito, da emoção. As duas combinaram muito bem", diz Denson, em entrevista à Folha, na última quinta, pouco antes de lançar a nova mas sempre amarela camisa da seleção. A maior novidade do evento foi o caráter ambiental do produto. A empresa garante que o poliéster da nova camisa vem de garrafas PET -de oito delas para ser exato- e que 100% do material a ser utilizado na Copa da África do Sul é reciclado.

Se para 2010 a coisa já está feita, para o biênio 2014/16 Denson promete começar a ver o Brasil não apenas como fornecedor de história esportiva e mão de obra qualificada, mas também como mercado consumidor prioritário. "Temos de melhorar os preços dos produtos. São caros", diz ele. O executivo afirma que a empresa estuda voltar ao Congresso Nacional, desta vez como lobista, em busca de mudanças na legislação tributária. "Alguns produtos são difíceis de serem produzidos no Brasil porque são feitos em um único lugar para o resto do mundo. Envolvem muita tecnologia", diz, em defesa de menos impostos. "Mas faz parte de nossa estratégia, que deve ser anunciada em breve, fabricar mais no Brasil", completa.