09/02/10 10h20

Correios vão virar S.A. e abrir agências no exterior

O Estado de S. Paulo

O governo quer dobrar o faturamento dos Correios e chegar a R$ 25 bilhões (US$ 13,9 bilhões) de receita anual no prazo de um ano e meio. A meta faz parte do projeto de modernização da estatal, que será posto em prática por meio de uma medida provisória (MP). A minuta da MP foi apresentada ontem pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deverá ser encaminhada ao Congresso após o carnaval. O projeto de modernização da estatal, que passará a se chamar Correios do Brasil S.A., se dará em três frentes: com a criação de novos serviços, atuação no exterior e implantação de uma governança corporativa, transformando os Correios, que hoje são uma empresa pública de direito privado, em uma sociedade anônima de capital fechado.

A ideia é dar aos Correios uma nova estrutura de logística, com a criação do Correio Híbrido, mecanismo que permite o envio eletrônico de correspondência, como um boleto bancário, que é impresso em um centro de distribuição da estatal mais próximo do destinatário. O envio por meio eletrônico substitui o transporte aéreo e grande parte do transporte terrestre, reduzindo custos. A proposta também prevê o fortalecimento do Banco Postal, hoje operado em parceria com o Bradesco.

"Precisamos modernizar os Correios para que possa competir em um mercado cada vez mais disputado e sobreviver à nova era da informática", afirmou o ministro, acrescentando que um dos objetivos da proposta é permitir que os Correios possam usar a sua infraestrutura para comercializar novos serviços, como, por exemplo, vender seguro e chips de telefone celular. Segundo ele, essas mudanças são necessárias porque a empresa está perdendo 400 milhões de correspondências por ano. "Temos de modernizar a empresa, recuperar clientes, aumentar a receita, senão estaremos fadados, em dois anos, a ser uma carga pesada para o governo."

A abertura de agências no exterior, segundo Costa, vai permitir que os Correios façam remessas para o Brasil, principalmente de países como Estados Unidos, Japão, Portugal e Espanha. A estimativa é que os brasileiros que moram no exterior enviem US$ 6 bilhões por ano ao Brasil. O ministro citou também que o novo formato jurídico dos Correios permitirá uma nova negociação com empresas aéreas para entrega de correspondências, o que permitirá que se amplie o prazo dos contratos, reduzindo os custos.