24/01/08 11h18

Cosan revê planos após nova capitalização

Valor Econômico - 24/01/2008

Em meio ao forte nervosismo dos mercados globais, o grupo Cosan conseguiu R$ 550 milhões (US$ 312,5 milhões) em dinheiro novo. O caixa cheio e o cenário de queda no preço dos ativos já levam a companhia a pensar em trocar projetos de novas usinas, conhecidos como "greenfield", por aquisições, contou Paulo Diniz, diretor financeiro e de relações com investidores do grupo, ao Valor. A empresa concluiu ontem o aumento de capital de R$ 1,7 bilhão (US$ 966 milhões), cujo objetivo inicial era transferir para o Brasil os recursos obtidos pela controladora Cosan Limited na polêmica oferta de ações na Bolsa de Nova York, em agosto do ano passado. A Cosan obteve adesão de parte significativa dos minoritários, fazendo com que a controladora não precisasse comprar todas as novas ações emitidas. Do total da operação, R$ 550 milhões (US$ 312,5 milhões) vieram dos acionistas não controladores, que quiseram preservar sua participação na companhia e evitar uma diluição, e R$ 1,2 bilhão (US$ 682 milhões) migrou do caixa da empresa listada na Nyse para a companhia brasileira. Após a operação, a controladora Cosan Limited elevou sua fatia na empresa do Novo Mercado de 51% para 56%. Com 17 usinas em operação no país, o Grupo Cosan, maior processador de cana do Brasil, anunciou em abril do ano passado a construção de três novas usinas em Goiás. Os aportes necessários, de US$ 650 milhões, estavam programados para Jataí, Montevidiu e Paraúna. No entanto, esses projetos podem ser colocados em banho-maria, se a Cosan achar conveniente fazer aquisições. A decisão da Cosan de partir para projetos "greenfield" ocorreu num momento que os preços das usinas estavam inflacionados por conta da forte alta da commodity, sobretudo em 2006, quando bateu quase US$ 0,20 por lira-peso em Nova York. Desde o ano passado, contudo, as cotações começaram a despencar. E agora, com os preços do açúcar em patamares mais baixos, a Cosan estuda oportunidades de aquisições. A situação do setor, combinada à crise internacional que está derrubando os preços dos ativos em geral, está tornando a compra de companhias uma possibilidade cada vez mais atraente. Antes de anunciar aquisições, a Cosan quer concluir o processo de reorganização gerado pela abertura de capital da controladora nos Estados Unidos.