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CPFL reforça interesse por ativos da Eletropaulo

Gazeta Mercantil - 16/08/2007

Enquanto as empresas energéticas e empreiteiras brasileiras traçam as estratégias para participar do megaprojeto hidrelétrico do rio Madeira, a CPFL Energia mira sua atenção na possibilidade de compra da Brasiliana, holding criada em 2003 para controlar a Eletropaulo e outros ativos da norte-americana AES. "Trata-se de um negócio para poucos players e a aquisição desses ativos faz muito sentido para nós", diz o presidente da companhia, Wilson Ferreira. A CPFL não esconde o interesse em participar de um dos consórcios formados para a disputa do leilão da primeira usina do Madeira (Santo Antônio, 3.150 de megawatts) - marcado para 30 de outubro. Mas, de acordo com Ferreira, "o projeto Eletropaulo e AES Tietê" é o mais maduro entre os novos planos estratégicos da companhia para crescer por meio de aquisições. "Deslocamos uma equipe de técnicos para levantar os dados e estudar a viabilidade do negócio", diz Ferreira, que calcula entre R$ 10 bilhões (US$ 5,32 bilhões) e R$ 11 bilhões (US$ 5,9 bilhões) o valor de mercado da Eletropaulo e AES Tietê - os dois ativos mais atraentes da Brasiliana. Em maio passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), que detém 49,99% da Brasiliana, por meio do seu braço financeiro BNDESpar, comunicou à holding que pretende exercer o direito de venda de suas ações, conforme acordo de acionistas fechado em dezembro de 2003. A AES Brasil, que possui os outros 50,01% de participação na Brasiliana, tem direito de preferência para comprar a fatia do BNDES. No entanto, a AES terá cerca de um mês, após o leilão de venda de parte da Brasiliana, para definir se ficará ou não com a parte negociada, explica Ferreira. Caso resolva não assumir a participação do BNDES, o grupo norte-americano precisará, obrigatoriamente, vender também a sua participação na holding, pelo mesmo preço do valor fechado no leilão das ações controladas pelo BNDESpar. Reconhecida como uma empresa tipicamente distribuidora de eletricidade, a CPFL vai aos poucos, e sem muito alarde, demostrando maior interesse pela área de geração. A compra integral das empresas de geração da AES Eletropaulo, por exemplo, mudaria radicalmente o perfil da companhia. "Seria possível triplicar a participação da geração nos negócios do grupo", afirma Ferreira, referindo-se à adição ao portfólio da holding da energia fornecida pelas duas geradoras do grupo AES, a Tietê, concessionária de dez hidrelétricas no estado de São Paulo, com capacidade instalada de 2.651 MW, e a Uruguaiana, térmica localizada no Rio Grande do Sul, de 639 MW.