23/10/08 16h02

Crédito aumenta em setembro e ainda não reflete turbulência

Gazeta Mercantil - 23/10/2008

A crise financeira internacional ainda não conseguiu conter a tendência de expansão do crédito no curto prazo. E o Banco Central mantém projeções de mais crescimento até o final do ano. A autoridade monetária estima que saldo das operações de crédito representará 40% do PIB ao final de 2008, ou seja, ainda há espaço para aumento de 0,9 ponto percentual em relação aos 39,1% de setembro - recorde na série, iniciada em 1994. O saldo de operações de crédito do sistema financeiro chegou a R$ 1,14 trilhão (US$ 518,2 bilhões) no mês passado, um crescimento de 3,5% sobre agosto, que era de R$ 1,11 trilhão (US$ 504,5 bilhões). A expansão das operações atinge 22,7% em 2008 e chega a 34% se considerado o acumulado em 12 meses, segundo o Banco Central. "O crédito continua crescendo", destacou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Apenas dos bons resultados de setembro, Lopes admite que algum impacto já foi detectado, como a recente estagnação no segmento de pessoas físicas. Posição do período ao final dos oito primeiros dias úteis de outubro indica que o crédito referencial para pessoas físicas foi de R$ 267 bilhões (US$ 121,4 bilhões), frente R$ 270,8 bilhões (US$ 123,1 bilhões) no final de setembro. No acumulado até o mês passado, o estoque total de crédito para pessoas físicas, incluindo as operações com cooperativas, leasing e outros, chegava a R$ 383,5 bilhões (US$ 174,3 bilhões); alta de 2,2% na comparação com agosto. No segmento de pessoas jurídicas, o saldo subiu 3%, para R$ 442,4 bilhões (US$ 201,1 bilhões). Se fosse considerado o impacto do câmbio, com desvalorização de 17,1% em setembro, o crescimento do saldo de crédito para pessoa jurídica seria de apenas 1,5%. O total de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC) chegou a R$ 36,4 bilhões (US$ 16,5 bilhões), alta de 10,7%. Ao final de setembro, a participação dos recursos externos do crédito referencial somou R$ 83,7 bilhões (US$ 38 bilhões), ou seja, 7,3%. Os dados não indicam retração, pois em agosto a participação era de 6,7%, e em setembro do ano passado era de 7,5% do total. As taxas de juros médias cobradas em setembro também não refletiram integralmente os impactos da crise financeira internacional, mas sofrem efeito do ciclo de aperto monetário.