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Cresce apetite por novos combustíveis

Valor Econômico - 03/05/2007

Alvo de sigilosas pesquisas nos Estados Unidos, o etanol celulósico, considerado a jóia da coroa de uma nova geração de biocombustíveis que em breve começará a chegar ao mercado, está em franco desenvolvimento também no Brasil. Uma planta-piloto para a fabricação deste tipo de álcool, que no caso será produzido a partir da lignocelulose - sistema de quebra de enzimas de celulose do bagaço da cana - deverá começar a ser operada pela Petrobras no país ainda no primeiro semestre deste ano. A estatal não é a única com trabalhos nesta frente no Brasil, mas como ainda não há resultados práticos sobre o uso da alternativa em larga escala, nem nos EUA, por aqui a ordem também é evitar barulho, até para evitar espionagem industrial. Na Petrobras, os estudos ganharam fôlego em 2004. Por meio do Cenpes, seu centro de pesquisas, a estatal desenvolve a rota tecnológica de aproveitamento de resíduos agroindustriais (bagaço) em parceiras com as universidades federais do Rio de Janeiro, de Brasília e do Amazonas. O projeto está em fase de pesquisa, e logo passará à etapa de ajuste tecnológico fino. A expectativa é produzir em escala industrial a partir de 2008, segundo Sillas Oliva Filho, gerente de comércio de álcool da Petrobras. Nesta rota tecnológica, o Cenpes já depositou duas patentes envolvendo tecnologias inovadoras. E, segundo Oliva, o centro vem avançando na produtividade do processo, com aumento para cerca de 220 litros de etanol por tonelada de bagaço. O aporte nessa frente faz parte do montante total de R$ 40 milhões (US$ 19,7 milhões) por ano que o Cenpes investe em biocombustíveis. No caso do Centro de Tecnologia Canavieira - CTC (mantido por quase 150 usinas do país), Tadeu Andrade, diretor do CTC, informa que o trabalho também é na direção da quebra de celuloses. Segundo Mozart Schmitt de Queiroz, gerente de desenvolvimento energético da Petrobras, a expectativa da Petrobras é implantar a primeira usina-piloto de fabricação do etanol ligno-celulósico a partir de outras matérias-primas em 2010. Em trilha paralela, a Votorantim Novos Negócios anunciou, na semana passada, a criação da Biocel, empresa que terá uma usina de etanol a partir do material celulósico da cana. A nova unidade receberá aporte entre US$ 30 milhões a US$ 40 milhões e deverá entrar em operação também em 2010. Outra que está na corrida é a americana Alltech. Com atividades no Brasil, a múlti pesquisa nos EUA e no México, o uso da enzima Alzyme SSF (Solid State Fermentation) para a produção de etanol ligno-celulósico.