01/03/10 10h40

Cresce presença de bancos brasileiros no exterior

O Estado de S. Paulo

Bancos brasileiros dão seus primeiros passos numa estratégia de internacionalização de suas atividades e já estão expostos a outros mercados em mais de US$ 50 bilhões. Os dados inéditos são do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que modificou sua forma de apresentar os fluxos bancários no mundo, incluindo novos países e mostrando que os créditos e empréstimos de bancos brasileiros para outros mercados estão entre os maiores nas economias emergentes.

A crise financeira atingiu em cheio bancos em todo o mundo, exigindo que governos saíssem ao resgate de instituições. Só na Alemanha, os bancos receberam mais de 500 bilhões e, em todo o mundo, a conta atingiu US$ 2 trilhões. Já no Brasil, o impacto não foi igual. Algumas das instituições até mesmo passaram a ver o cenário como positivo para eventuais aquisições no exterior. O presidente executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, tem repetido que a prioridade agora é integrar as operações após a fusão, para só então partir para o exterior.

Nos últimos meses, seus executivos vêm sondando o mercado na América Latina, com análises de balanços de bancos e conversas com executivos. O objetivo é comprar um banco na América Latina.

Agora, os números do BIS revelam que, de certa forma, a internacionalização já começou. No total, bancos brasileiros têm créditos e empréstimos no exterior avaliados em US$ 51,4 bilhões. Nos países ricos, em geral, a exposição dos bancos brasileiros chega a US$ 28 bilhões. Em termos individuais, o maior mercado é o americano, com US$ 12,6 bilhões. A maior parte da atividade está na Europa, com créditos de US$ 15 bilhões. O Reino Unido é o principal destino, com US$ 3,6 bilhões, contra mais de US$ 1 bilhão na Alemanha, Bélgica, Portugal ou Espanha.

Os bancos brasileiros, porém, não estão expostos à Grécia, país que sofre com problemas de dívida e deixa o mercado nervoso. Outra constatação é de que os bancos nacionais estão também de olho nos mercados emergentes. Mas de forma ainda tímida. Créditos e empréstimos de bancos brasileiros a outros mercados em desenvolvimento totalizam US$ 9,7 bilhões. Praticamente toda a atividade está na América do Sul.