29/10/08 18h01

Crise acelera aquisições na área de construção

DCI - 29/10/2008

Mesmo depois de o governo federal acatar o pedido das empresas de injetar R$ 3 bilhões (US$ 1,4 bilhão) para o mercado crescer e voltar a liquidez, a previsão do setor de construção civil é de uma mudança de cenário, em que a expectativa, no melhor dos casos, é de até 2010 o segmento sofrer um enxugamento forte, em que o número de empresas seja reduzido pela metade e as grandes companhias, listadas na Bolsa de Valores (Bovespa), passem de 25 para no máximo 12. Um indicativo dessa movimentação, que agora será acelerada por conta da crise, é que, de setembro do ano passado a setembro deste ano, a Inpar, por exemplo, teve perdas de 93,7% em lucratividade. A Abyara perdeu 89,8% e a Tenda, 86,8%. Logo, o dinheiro do governo para ajudar o setor, previsto em programa que deve ser divulgado hoje, poderá até financiar a venda de imóveis e acelerar o processo de fusões e aquisições das 25 empresas do segmento listadas na Bolsa. Para João Crestana, presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), a crise deve ser responsável pela aceleração das fusões e aquisições. "Em lugar algum do mundo existem 25 grandes incorporadoras, como temos na Bovespa. Independentemente da crise, elas devem somar seis ou oito grandes grupos. Sem o pano de fundo da crise, acredito que este processo levaria entre três e quatro anos. Agora, dois, devido ao baixo preço das ações e à falta de caixa de algumas empresas." Crestana lembra ainda que o processo já vinha ocorrendo no setor. "Há pouco tempo, antes da crise ser deflagrada, a Gafisa incorporou Tenda, Company e Brascam. A Tricury e Incossul se fundiram e formaram a Trysul. Há o caso da Cyrela, que comprou investimentos da Agra, entre outros casos."