19/05/20 10h18

De olho no pós-coronavírus, franquia americana de vending machines chega ao Brasil

A Casa Group foi fundada pelo brasileiro Claudio Landsberg e já tem mais de 750 máquinas no estado da Flórida. Agora, ele quer conquistar o mercado de autosserviço em sua terra natal

Pequenas Empresas e Grandes Negócios

Pouco se sabe sobre como o mundo será depois da quarentena, mas alguns pontos já são consenso: maior cuidado com a higienização, distanciamento social e redução de aglomerações, por exemplo. As lojas têm adotado novos protocolos para o contato entre vendedor e cliente e os shoppings centers reabertos têm limitado o número de visitantes. Quanto menos pessoas juntas no mesmo local, melhor. E, neste cenário, o empreendedor Claudio Landsberg vê oportunidades de expansão para o seu negócio.

Landsberg é brasileiro, mas mora nos Estados Unidos há mais de cinco anos. Ele é dono da Casa Group, uma empresa de vending machines que já tem mais de 750 unidades instaladas no estado da Flórida.

O negócio nasceu quando ele percebeu uma oportunidade de atender ao público brasileiro que visita Orlando e montou uma vending machine exclusiva para produtos típicos do Brasil. Assim, desenvolveu a primeira linha de máquinas. Depois, criou outra que vendia produtos para clientes latinos. Hoje, são 14 tipos diferentes de negócio, que atendem de hotéis a shopping centers.

“É um mercado de conveniência, que tem mark up diferente do varejo tradicional e oportunidade de falar separadamente com o turista, com o mundo fitness, com o mercado pet, entre tantos outros ramos que hoje não se enxergam dentro de uma vending machine”, afirma.

A pandemia trouxe mais um nicho para a Casa Group: uma máquina automática de máscaras e álcool gel em shopping centers e nas 18 bandeiras de hotéis que a empresa atende.

Os modelos de expansão da Casa Group incluem máquinas próprias, de investidores (com administração feita pela própria Casa Group) e o recém-lançado modelo de franquias. A marca tem quatro franqueados nos Estados Unidos, cada um com cinco máquinas, e já existem negociações para trazer o modelo para o Brasil.

Internacionalização demandou adaptações

Por aqui, a expansão se dará por máster-franqueados regionais. Cada um dos empreendedores terá suas próprias cinco máquinas iniciais, operará por três meses e aí poderá vender para outros franqueados. De acordo com Landsberg, esse é o número ideal de máquinas para que o negócio comece a dar lucro.

Essa gestão descentralizada já foi adotada por outras redes internacionais que vieram para o Brasil. O caso mais conhecido é do Subway, que apostou em desenvolvedores de área para a expansão nacional e abriu mais de duas mil lojas.

Muitos dos investidores das máquinas da Casa Group que estão nos Estados Unidos são brasileiros, e Landsberg conta que já foi convidado a trazer o negócio para cá algumas vezes. O medo de ter a máquina depredada, a burocracia e as diferenças culturais de consumo o afastavam da ideia. Agora, com o isolamento social e o novo comportamento de consumo, ele acredita que seja o momento certo.

Para minimizar a possibilidade de prejuízo, as máquinas não aceitarão dinheiro e já devem chegar aqui ainda mais preparadas para a nova etapa da vida em sociedade: zero contato. “Do próprio celular, o cliente seleciona os produtos, gera um QR Code, a máquina lê e libera os produtos”, diz.

Máquinas podem ser multimarca ou customizadas

Existem dois modelos de negócios diferentes para as máquinas. Um é o abastecimento com produtos de diversas marcas de um mesmo nicho, e outro é a customização para empresas. Nos Estados Unidos, por exemplo, há uma vending machine da rede de franquias brasileira Morana, operada pela Casa Group. “Se a máquina não vai bem em um determinado lugar, é só pegar um caminhão e levar para outro. O varejista vai entender que ele pode ter mais esse braço móvel de vendas.”

Além de shopping centers, Landsberg vê oportunidades em universidades, hospitais, clínicas e também hotéis. O plano de expansão prevê entre 30 e 35 máster-franqueados no mercado brasileiro, sendo 10 até 2021.

O investimento inicial vai depender do potencial da região. Em Barueri (SP), por exemplo, uma das praças mais avançadas nas negociações, a empresa mapeou uma capacidade para 150 máquinas. Para regiões com esse potencial, a taxa de franquia é de R$ 250 mil, mais R$ 35 mil por máquina (sendo assim, o investimento inicial parte de R$ 425 mil, com cinco vending machines).

Para o franqueado, a taxa de franquia é de R$ 25 mil (somando com o valor das máquinas, o investimento inicial é a partir de R$ 200 mil). De acordo com o empreendedor, cada máquina vende entre R$ 5,5 mil e R$ 6 mil por mês.

A aposta para apresentar o serviço ao público brasileiro é começar por condomínios, com minimercados e Grab and Go (refeições prontas). Com isso, a rede aposta que o consumidor se familizará mais com o processo em outros ambientes.

A Casa Group não está sozinha na corrida pela liderança em um novo mercado de autosserviço que pode se fortalecer no Brasil no pós-coronavírus. Para citar alguns exemplos, a startup Onii, de lojas autonômas para condomínios, viu sua demanda quadruplicar com a pandemia e a rede de alimentação saudável Boali já anunciou um modelo de minimercados em condomínios residenciais para o pós-crise.