02/05/08 15h27

De surpresa, País recebe grau de investimento

DCI - 02/05/2008

O Brasil obteve na última quarta-feira o título de grau de investimento pela agência de avaliação de rating Standard & Poor's. Com essa classificação, a possibilidade de inadimplência do País passa a ser considerada baixa. O fato foi comemorado por todos os setores e, em especial, pelo governo brasileiro, que além do inédito grau de investimento, também teve o primeiro superávit nominal trimestral de sua história. A nota de crédito (rating) para moeda estrangeira subiu de BB+ para BBB- com perspectiva estável e a nota para moeda local passou de BBB para BBB+, também com perspectiva estável. O rating para moeda local de curto prazo foi ajustado de "B" para "A-3". Em comunicado, a S&P diz que "a elevação reflete o amadurecimento das instituições brasileiras e a estrutura de política, como foi evidenciado pelo alívio da carga de dívida fiscal e externa e [reflete] as melhores perspectivas de tendência de crescimento", avaliou a analista de crédito da S&P, Lisa Schineller. Ainda de acordo com a analista, "a dívida geral do governo [brasileiro] continua mais alta do que a de muitos países classificados em 'BBB', mas um histórico bastante previsível de políticas fiscal e de administração de dívida pragmáticas mitigam esse risco [de inadimplência]". O governo logo tratou de minimizar os efeitos negativos da possível "enxurrada" de dólares que deverá entrar no País. Apesar de admitir uma forte queda na cotação da moeda norte-americana, em princípio foi descartada qualquer medida de intervenção cambial. "É natural que haja uma valorização da moeda. A cada momento vamos acompanhar o movimento e, se necessário, estudaremos medidas. No momento, não há o que se fazer", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. De acordo com ele, o câmbio flutuante tem suas compensações, "estímulos e desestímulos, que diminuem os efeitos nocivos", destacou. "O aumento das importações, por exemplo, pode ajudar a segurar o câmbio. Também temos o Imposto sobre Operações Financeiras [IOF]. Mas ainda não há um estudo sobre isso agora", completou. Em consonância com o ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, admite um aumento do fluxo de investimento para o País ao longo do tempo como resultado do grau de investimento. "Certamente o investment grade tem diversas conseqüências. Aumenta certamente o fluxo de investimentos ao longo do tempo, o que terá conseqüências importantes para a capacidade do País de crescer a taxas ainda mais elevadas. Isso é um dado inquestionável." Sobre o efeito específico na taxa de câmbio, Meirelles alegou que o regime cambial tem mostrado "flexibilidade e eficácia nas várias situações econômicas". "As forças de mercado poderão reagir às diversas previsões dos analistas sobre o futuro dos fluxos", disse Meirelles. "Temos condições de ter o regime providenciando os ajustes necessários na medida em que as condições macroeconômicas mudem", completou.