14/08/09 09h46

Demanda da classe C faz imóvel rarear em SP

DCI

Conseguir imóvel de um e dois dormitórios, seja para alugar ou comprar, na cidade de São Paulo, tem sido tarefa cada vez mais difícil. Motivos: aumento da renda das classes C e D, famílias cada vez menores e um número maior de pessoas que moram sozinhas. De acordo com levantamento da Lello Imóveis, líder em administração imobiliária no estado, a espera por esse tipo de unidade pode chegar a quatro meses na capital paulista, o que demonstra o forte potencial desse tipo de negócio. A consequência da escassez é percebida na elevação do valor do aluguel. A administradora diz que, no primeiro semestre deste ano, o valor médio dos aluguéis firmados nos contratos de locação entre proprietários e inquilinos foi 16% superior ao dos seis primeiros meses de 2008.

O nicho de imóveis de dois dormitórios mereceu destaque também no estudo elaborado pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). Segundo a entidade, das 14,4 mil unidades comercializadas, 6.288 foram desse segmento, o que representa uma fatia de 43,8% sobre o total escoado nos primeiros seis meses deste ano. Na opinião de João Crestana, presidente do Secovi-SP, essa tendência reflete os resultados iniciais do programa "Minha Casa, Minha Vida", que possibilitou a entrada no mercado tradicional de pessoas com renda de seis a 10 salários mínimos. "Antes do mês de abril, para uma família se candidatar à compra de um imóvel de R$ 90 mil (US$ 48,7 mil) ela tinha de comprovar renda de R$ 3,3 mil (US$ 1,78 mil). Depois do lançamento do programa, a mesma família precisa de uma renda de R$ 1.850,00 (US$ 1 mil) para adquirir o mesmo apartamento", analisa.

Bruno Carlucci, gerente de Incorporação e Marketing da Bueno Netto Construtora, também aposta no sucesso do programa "Minha Casa, Minha Vida" para alavancar as vendas de dois empreendimentos que juntos somarão mais de mil unidades, a serem lançados no segundo semestre deste ano, nos bairros da Barra Funda e próximo à Represa de Guarapiranga. Os custos deverão variar de R$ 70 (US$ 38) a R$ 100 mil (US$ 54 mil), e parecem encaixar-se neste perfil que o cidadão paulista ou paulistano busca.