20/07/10 09h55

Disputa em tintas avança no segmento premium

Valor Econômico – 20/07/10

O aquecimento da economia está mudando o comportamento dos fabricantes de tintas. A disputa, que nos últimos anos esteve mais acirrada no segmento popular, agora se volta para o mercado premium - onde as margens são melhores e a concorrência com as marcas pequenas é menor. A resposta positiva do consumidor aos produtos mais elaborados, com tecnologia diferenciada - e, principalmente, mais caros - levou as multinacionais do setor a concentrar verbas e lançamentos nos produtos de maior valor agregado.

Líder global no mercado de tintas, AkzoNobel, empresa americana que adquiriu a ICI, então proprietária das tintas Coral, pretende investir mais de R$ 100 milhões (US$ 56 milhões) este ano na subsidiária brasileira. Deste valor, R$ 50 milhões (US$ 28 milhões) serão destinados a ampliação da capacidade produtiva - a empresa não revela quanto - e pouco mais de R$ 50 milhões (US$ 28 milhões) em marketing.

Com um faturamento no Brasil de R$ 2 bilhões (US$ 1,1 bilhão) no ano passado, dos quais cerca de R$ 1 bilhão (US$ 556 milhões) em tintas decorativas, a Coral não tem a liderança de mercado, que está nas mãos da Suvinil, da Basf. Mas pretende crescer sua fatia: hoje a companhia tem cerca de 25% de mercado e o objetivo é atingir de 27% a 28% até o fim do ano. A companhia estima um aumento do faturamento na casa de 10% em 2010, o mesmo que alcançou em 2009.

Concorrente direta, a Suvinil também aposta no mercado de maior valor agregado. Segundo a própria companhia, a marca tem uma participação de 60% entre os produtos premium. A Suvinil vai investir R$ 100 milhões (US$ 56 milhões) em marketing este ano e lançou três produtos - contra mofo e maresia, com efeito camurça e sem respingos - todos no rol dos produtos mais caros. A empresa pretende investir R$ 140 milhões (US$ 78 milhões) na ampliação da capacidade produtiva nos próximos cinco anos. São R$ 50 milhões (US$ 28 milhões) na fábrica de São Bernardo - que pretende alcançar o título de maior do mundo em tintas - R$ 20 milhões (US$ 11 milhões) na fábrica de vernizes em Jaboatão dos Guararapes (PE) e R$ 70 milhões (US$ 39 milhões) em uma nova unidade em Guaratinguetá. Até que a ampliação da unidade de São Bernardo fique pronta, daqui a um ano e meio, a empresa resolveu ampliar um turno. Já contratou 80 funcionários e irá admitir mais 60 no primeiro trimestre de 2011.

Líder nos Estados Unidos, a Sherwin-Williams também disputa o segmento de tintas mais caras com a marca Metalatex e investe para aumentar sua participação de cerca de 14% no mercado brasileiro. Este ano, lançou uma tinta para telhados e outra com impermeabilizante. Em 2009, as vendas da companhia no Brasil cresceram 12% em valor e 4,5% em volume. Este ano, até maio, o movimento da Sherwin-Williams subiu 12% em volume em comparação com o mesmo período do ano passado. No mercado premium, as empresas encontram espaço para os produtos com apelo ecológico, que exigem alta tecnologia e, portanto, custam mais caro. A nova aposta da Coral, que chega hoje ao mercado, é uma tinta branca com tecnologia patenteada que reflete até 74% mais luz. A lata vai custar R$ 215 (US$ 119), cerca de 20% acima das tintas premium.

Segundo dados da Abrafati (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas), no primeiro semestre o mercado cresceu 30%. Como houve reposição de estoque - no início do ano passado as empresas reduziram o volume estocado - a alta real gira entre 15% e 18%. Para o ano, a expectativa é de alta entre 12% e 15%.