11/03/10 10h58

Dono da Amil acelera integração com Medial

Valor Econômico

Passados menos de quatro meses da aquisição da Medial, Edson de Godoy Bueno, presidente e fundador da Amil, conhecido pela personalidade agitada, está impondo seu ritmo acelerado na integração das duas operadoras de planos de saúde que fecharam o ano passado com receita de R$ 5 bilhões (US$ 2,54 bilhões) e 5,1 milhões de clientes. A integração - que deve gerar economia de R$ 150 milhões (US$ 76,1 milhões) a R$ 200 milhões (US$ 101,5 milhões) em dois anos - tem sido intensa nos últimos 40 dias, após a Amil ter adquirido as ações dos minoritários e ter ficado com 97,6% do capital da Medial e, consequentemente, conquistado poder para mexer na casa comprada.

Uma das primeiras ações de Bueno foi colocar 30 de seus executivos dentro da Medial para analisar como operava a ex-concorrente, que nos últimos anos viveu uma troca constante de presidentes. "O presidente chega sozinho, não conhece nada e leva meses para tomar uma decisão. Fizemos diferente. Colocamos 30 pessoas em áreas-chave na Medial. Elas tiveram 30 dias para olhar todos os contratos. Verificamos, por exemplo, que eram feitas compras descentralizadas de materiais e o custo era 15% maior em relação ao nosso", disse Bueno, durante entrevista ao Valor em seu escritório no Rio. Desde que comprou a Medial, ele tem passado quatro dias da semana em São Paulo e cuida pessoalmente do novo negócio.

A radiografia feita pela Amil mostrou que os preços médios praticados pela Medial em contratos corporativos, no ano passado, eram de R$ 100,5 (US$ 55,8) - abaixo dos R$ 117,2 (US$ 65,1) da Amil. "Os contratos deficitários vão ser cancelados. Acreditamos que a receita da Medial tenha uma queda de 10% por causa desses cancelamentos", diz Bueno. As modificações dentro da operadora paulista não se limitam aos contratos deficitários. Vários funcionários antigos da Medial foram dispensados. No quarto trimestre, há no balanço da Medial uma provisão trabalhista de R$ 16,6 milhões (US$ 9,2 milhões).

A redução dos custos deve vir ainda dos hospitais e centros médicos próprios. Aqueles que estão localizados nas mesmas praças e trabalham com ociosidade já estão sendo fechados. Em relação aos quatro hospitais da Medial previstos para serem construídos até 2011, Bueno diz que os projetos estão sendo revistos e que apenas o hospital da avenida Paulista, cujas obras já estão em andamento, será mantido.