16/11/11 16h12

Economia do interior supera a de muitos países

Brasil Econômico

Os prefeitos que serão eleitos no próximo ano encontrarão no interior paulista desafios de uma nova agenda social e econômica que deve se impor sobre suas gestões. Entre eles, manter São Paulo crescendo acima da média brasileira, atrair investimentos para grandes obras de infraestrutura — entre as maiores, o trem de alta velocidade, as reformas nos aeroportos e melhorias nas estradas rodoviárias —, administrar com transparência e responsabilidade maiores orçamentos e formar parcerias com empresas privadas.

“Há muito mais parceiros e dinheiro em jogo. Para não fazer papelão, o poder público municipal tem de aumentar o cuidado com o qual vai tratar a administração de recursos alheios, sejam eles vindos do governo estadual, da União, ou da iniciativa privada”, afirma o cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Cepac. “Quanto mais crescem os investimentos — e a perspectiva é de grande aumento para a realização de obras no interior nos próximos anos — mais há riscos de problemas”.

E o volume de verba em circulação, puxado pelas demandas geradas por eventos esportivos como a Copa do Mundo e pelo aumento da chegada de grandes empresas à região, só mostra tendência de alta. O governo do estado de São Paulo, por exemplo, tem previsão de invesinvestir R$ 118 bilhões no interior nos próximos quatro anos.

Segundo o secretário estadual da Habitação, Silvio Torres, boa parte desse desembolso está voltada a obras de infraestrutura, com destaque para a construção do trem expresso que ligará Jundiaí à capital paulista, de hidrovias, melhorias em aeroportos administrados pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) e em estradas, como a duplicação da Rodovia dos Tamoios. “Os municípios são parceiros do governo estadual em muitos investimentos e também se enquadram nas exigências fiscais, o que pede muito mais qualificação e responsabilidade dos prefeitos que estarão envolvidos com essas grandes obras”, diz o secretário.  

Do tamanho de um país
O interior de São Paulo (descontando os 39 municípios da Região Metropolitana) somou um PIB de US$ 135,9 bilhões, em dados de 2009, segundo levantamento da MB Consultoria. O valor de então quase equivalia ao PIB do Chile e superava o da Nova Zelândia e do Peru, por exemplo.  

As cidades do interior paulista também respondem por 44% da riqueza produzida em São Paulo. No ranking dos 30 maiores municípios do Brasil, em 2008, 11 pertenciam a São Paulo. Os municípios do interior correspondem a cerca de 15% do PIB nacional, de acordo com dados da Fundação Seade.  

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego apontam que o interior paulista concentra 44% do emprego do estado e 13% do país. Na última década, o PIB do interior brasileiro cresceu 49%, o que corresponde a cerca de dez pontos percentuais acima do registrado pelas metrópoles brasileiras no mesmo período.  

Para José Eduardo Amato Balian, professor de Economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a tendência é de consolidação desse quadro, com aumento da proporção de crescimento do interior bem superior ao das regiões que circundam a capital paulista. “A cidade de São Paulo praticamente chegou ao limite. Está quase impossível transitar. Por isso a saída encontrada por muitas pessoas e empresas tem sido a de se mudar para o interior”, diz. Segundo ele, o investimento em infraestrutura facilita o desenvolvimento de outras localidades e tende a intensificar esse movimento.