14/11/13 15h54

Educação para as classes C, D e E atrai investidores

Brasil Econômico

As oportunidades de negócios voltados para aeducaçãonas classes C, D e E atraem um volume crescente de investimentos de aceleradoras e incubadorasque financiamstartups brasileiras. Estudo elaborado pela Artemisia, organização de fomento a negócios de impacto social, indicaum mercado potencial de R$ 60 bilhões para iniciativas educacionaisemseis estados: Riode Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Alagoas.

As oportunidades no setor educacional fora das classes A e B despertaram o apetite da Vox Capital, empresa de capital de risco fundada em 2009 como objetivo não apenas de estimular negócios lucrativos,mas também de gerar impacto social no segmento populacional de baixa renda. "Temos de 75% a 80% da população brasileira nas classes C, D e E. São 160 milhões de pessoas mal-atendidas tanto por serviços públicos como privados. É uma oportunidade gigantesca", afirma Daniel Izzo, sócio e co-fundador da Vox.

Focada em outros três setores além da educação (saúde, habitação e serviços financeiros), a empresa tem nove startups em seu portfólio e deve adquirir participação acionária em mais duas até o fim do ano. Para os próximos dois anos, a projeção é de R$ 50 milhões em investimentos. A maior parte dos recursos vêm de grandes grupos empresariais, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin), do Banco Interarmericano de Desenvolvimento (BID).

O levantamento da Artemisia mostra que o mercado brasileiro de ensino está entre os dez maiores do mundo, com faturamento estimado entre R$ 53 bilhões e R$ 55 bilhões para o ano de 2010. "No país, o mercado de ensino superior está tomado pelos grandes grupos. Já o básico (ensino infantil, fundamental e médio) ainda está extremamente pulverizado e, por isto, oferece maisoportunidades",analisaRenato Kiyama, diretor de Aceleração da Artemisia. Fundada em 2004, a Artemisia conta com uma aceleradora própria que nos últimos três anos articulou mais R$ 21 milhões para startups com negócios voltados para as classes C,De E.No período, foram"aceleradas" 35 empresas,que receberam recursos de parceiros de investimento da instituição, como a companhia americana de capital de risco Potencia Ventures.

Parceira da Artemisia, a organização não-governamental (ONG) Inspirare também desenvolve um programa-o Iniciativas Empreendedoras-destinado a estimular empreendedores com projetos de alto potencial de impacto social. Ao todo, a Inspirare apóia hoje quatro startups e a expectativa é de que sejam selecionados mais dois ou três novos negócios por semestre. "Nosso entendimento é de que a lógica de mercado traria mais eficiência para a área de educação", justifica Ana Flávia Castro, gestora do Iniciativas Empreendedoras. Segundo Ana, a pesquisada Artemisia em seis estados brasileiros identificou que 78% das startups atuantes na área educacional estão focadas com os chamados objetos digitais de aprendizagem (como games e softwares). "Os alunos das classes C, D e E têm acesso à Internet", destaca Kiyama, da Artemisia.