06/07/10 11h14

Elevadores seguem alta de imóveis e do varejo

Valor Econômico

O crescimento do mercado imobiliário, aliada ao bom momento do varejo - com a expansão e construção de novos shoppings e supermercados - além dos investimentos em infraestrutura, como metrôs e aeroportos, garantiram demanda para os fabricantes de elevadores e escadas rolantes. Dominado por três multinacionais, Atlas Schindler, ThyssenKrupp e Otis, o mercado movimenta cerca de R$ 2,5 bilhões (US$ 1,39 bilhão) ao ano. Sempre focadas no segmento de manutenção, a boa fase já começa a abrir espaço para empresas nacionais de médio porte disputarem a fabricação de produtos com as gigantes mundiais.

Considerada a invenção que permitiu a viabilidade das grandes metrópoles, o elevador vive uma fase de renovação e pesados investimentos em tecnologia - ao mesmo tempo em que a redução de custos e o fornecimento em massa de componentes chineses permitiu a fabricação de modelos mais simples e baratos. Parece um contra-senso, mas não é. A nova geração de elevadores -que podem ser inteligentes, de altíssima velocidade ou ecoeficientes - dividem o mercado com produtos menores para residências (casa de alto padrão, agora, precisa de um) e com os mais baratos, usados nos prédios econômicos - segmento imobiliário que se expande em maior velocidade no país.

Com demandas tão distintas, cada empresa cava seu espaço. A ThyssenKrupp investe pesado em tecnologia e trouxe ao Brasil um elevador capaz de gerar energia com a própria movimentação. Fornece para prédios corporativos de alto padrão. Concorrente direta, a Atlas Schindler também está nesse segmento, mas aposta no segmento residencial, onde atua com produtos para média e alta renda e econômicos - com até oito paradas. A Atlas já foi a maior empresa nacional e esteve, inclusive, à frente das múltis. Foi comprada pela sueca Schindler em 1999. No ano passado, a empresa teve receita de R$ 1 bilhão (US$ 507,6 milhões). A empresa já vendeu 160 mil elevadores no Brasil. Dados do Sindicesp indicam que o Brasil tem cerca de 300 mil elevadores. Só na cidade de São Paulo, se transporta oito vezes mais pessoas em elevadores do que nos ônibus - propagam os fabricantes.

A divisão de elevadores da ThyssenKrupp teve receita de R$ 661 milhões (US$ 335,5 milhões) no ano passado, alta de 15% sobre o ano anterior. Sem abrir números, o diretor comercial Paulo Henrique Estefan diz apenas que pretende crescer dois dígitos este ano. O grupo Thyssen tem vários negócios importantes no Brasil. Recentemente, o grupo inaugurou com a Vale a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. Com capacidade de produção de 5 milhões de toneladas anuais de placas de aço, a siderúrgica recebeu US$ 8,2 bilhões, o maior investimento privado feito no Brasil nos últimos 15 anos. Com uma fábrica em Guaíba (RS), o Brasil é um dos seis centros de desenvolvimento tecnológico do mundo. A Thyssen trouxe para o Brasil um elevador ecoeficiente, capaz de gerar energia. Sem a mesma tecnologia, as empresas nacionais procuram ganhar espaço no segmento de manutenção de elevadores (a lei exige equipes de plantão 24 horas por dia o ano todo). Para competir no disputado mercado de fabricação, buscam nichos.

A Villarta, que fatura R$ 50 milhões (US$ 25,4 milhões) por ano e fabrica cerca de vinte elevadores por mês, elegeu o segmento de cargas, elevadores para residências, lojas e começa a estudar a fabricação de elevadores para navios. A empresa fechou parceria com a divisão de elevadores da japonesa Mitsubishi para projetos especiais. De acordo com Jomar Villarta, sócio da empresa, companhias estrangeiras estão procurando as nacionais para fazer negócio. A americana Otis comprou empresas pequenas, sobretudo no Rio de Janeiro. Segundo Villarta, no ano passado a empresa cresceu 15%.